Tecnologia

Hashtag combate o código de vestimentas feminino do Irã

Para se manifestar contra o uso obrigatório de lenços para cobrir a cabeça, mulheres fazem vídeos ou fotos de si mesmas usando peças brancas

Sob a lei islâmica do Irã, as mulheres são obrigadas a cobrir seu cabelo e a usar roupas longas e largas em nome da modéstia (REUTERS/Beawiharta/Reuters)

Sob a lei islâmica do Irã, as mulheres são obrigadas a cobrir seu cabelo e a usar roupas longas e largas em nome da modéstia (REUTERS/Beawiharta/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 28 de junho de 2017 às 11h06.

Última atualização em 28 de junho de 2017 às 11h07.

Beirute - Antes de começar sua quarta-feira, a ativista iraniana Masih Alinejad passa horas navegando por fotos e vídeos enviados para ela por mulheres no Irã usando lenços brancos na cabeça ou peças brancas de roupa como parte de um crescente protesto online.

Para se manifestar contra o uso obrigatório de lenços para cobrir a cabeça --ou hijabs-- Alinejad encorajou mulheres no último mês a fazer vídeos ou fotos de si mesmas usando peças brancas e a postá-los em redes sociais com a hashtag #whitewednesdays (quartas-feiras brancas, em inglês).

"Meu objetivo é só empoderar as mulheres e dar a elas uma voz. Se o governo e o resto do mundo escutarem a voz dessas corajosas mulheres, então eles têm que reconhecê-las", disse Alinejad à Thomson Reuters Foundation por telefone.

Sob a lei islâmica do Irã, imposta após a revolução de 1979, as mulheres são obrigadas a cobrir seu cabelo e a usar roupas longas e largas em nome da modéstia. Contraventoras são repreendidas publicamente, multadas ou presas.

Embora dados oficiais não tenham sido coletados, um levantamento do grupo ativista "Justiça para o Irã" em 2014 indicou que durante 10 anos cerca de meio milhão de mulheres foram advertidas e que mais de 30 mil foram presas em cidades por todo o Irã devido à lei do hijab.

A campanha #whitewednesdays faz parte de um movimento online maior iniciado há três anos por Alinejad, uma jornalista que tem vivido em um exílio autoimposto desde 2009. Ela recebeu ameaças de morte desde que a campanha começou.

Ela criou contas em redes sociais e um site chamado Minha Liberdade Encoberta (My Stealthy Freedom, em inglês) onde mulheres no Irã tiram fotos de si mesmas sem hijabs para se opor ao código de vestimentas do país.

A ativista de 40 anos queria aumentar a visibilidade de seu movimento online para que mulheres pudessem se identificar nas ruas do Irã usando peças brancas, "a cor da paz".

"Eu quero que as pessoas conversem. Eu quero que as pessoas tenham uma plataforma e que conversem juntas porque ter uma conversa livre é algo que a sociedade do Irã precisa", disse Alinejad, que agora mora em Nova York.

Alguns dos vídeos, que são legendados por voluntários, tem centenas de compartilhamentos na página do movimento no Facebook, que tem mais de um milhão de seguidores.

Alguns homens iranianos participaram da campanha, e Alinejad também convida mulheres iranianas a usar o hijab por vontade própria --enfatizando que a campanha não é contra o hijab, mas contra o uso obrigatório.

Alinejad diz que não se considera corajosa --ao contrário dos cidadãos iranianos em frente às câmeras.

"Eles são mais corajosos...Honestamente, esses são os líderes e eu estou os seguindo", disse.

Acompanhe tudo sobre:Irã - PaísIslamismoMuçulmanosMulheresTwitter

Mais de Tecnologia

WhatsApp libera transcrição de áudios para textos; veja como usar

Apple deve lançar nova Siri similar ao ChatGPT em 2026, diz Bloomberg

Instagram lança ferramenta para redefinir algoritmo de preferências dos usuários

Black Friday: 5 sites para comparar os melhores preços