Tecnologia

Hackers miram empresas que fazem segurança de vacinas da covid-19

Segundo a IBM, hackers estavam se passando por executivos de uma companhia chinesa que fabrica sistemas de refrigeração para medicações

Vacina: hackers tinham empresas que fazem refrigeração como alvo (SEAN GLADWELL/Getty Images)

Vacina: hackers tinham empresas que fazem refrigeração como alvo (SEAN GLADWELL/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 12h44.

Última atualização em 4 de dezembro de 2020 às 09h48.

Hackers estão mirando seus esforços em empresas que fazem a segurança de vacinas experimentais contra o novo coronavírus. Um alerta foi enviado pelo governo dos Estados Unidos nesta quinta-feira, 3, pouco tempo depois de pesquisadores da empresa americana IBM terem afirmado que ataques para roubar dados dos usuários (mais conhecidos como phishing) estavam acontecendo.

Segundo a companhia, hackers estavam se passando por executivos da companhia chinesa Haier, fabricante de sistemas de refrigeração para remédios. Sistemas vitais para manter e transportar vacinas --- a da Pfizer, por exemplo, precisa ser estocada em uma temperatura de -70ºC.

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Os alvos, segundo a IBM, incluíram organizações que tinham relação com criação de websites, empresas de software, de segurança, e do setor de soluções --- todas globais, com escritórios na Alemanha, Itália, Coreia do Sul, República Tcheca, Europa e Taiwan. O foco deles era atingir os executivos que participam da The Cold Chain Equipment Optimization Platform (CCEOP), iniciativa criada pela Aliança Gavi do UNICEF.

Não ficou claro, no entanto, se a tentativa dos hackers obteve algum sucesso  --- mas a IBM acredita que, dado ao momento que o mundo está vivendo e ao papel estabelecido da Haier, a probabilidade de os alvos terem clicado nos e-mails sem questionar a autenticidade deles aumenta consideravelmente. O ataque, segundo a IBM, está acontecendo desde setembro deste ano.

Nenhuma fabricante de vacinas foi hackeada até o momento, apesar das tentativas atribuídas a países como a Rússia, a China e a Coreia do Norte.

Quem terá prioridade para tomar a vacina?

Um grupo de especialistas nos Estados Unidos, por exemplo, divulgou em setembro uma lista de recomendações que podem dar uma luz a como deve acontecer a campanha de vacinação.

Segundo o relatório dos especialistas americanos (ainda em rascunho), na primeira fase deverão ser vacinados profissionais de alto risco na área da saúde, socorristas, depois pessoas de todas as idades com problemas prévios de saúde e condições que as coloquem em alto risco e idosos que morem em locais lotados.

Na segunda fase, a vacinação deve ocorrer em trabalhadores essenciais com alto risco de exposição à doença, professores e demais profissionais da área de educação, pessoas com doenças prévias de risco médio, adultos mais velhos não inclusos na primeira fase, pessoas em situação de rua que passam as noites em abrigos, indivíduos em prisões e profissionais que atuam nas áreas.

A terceira fase deve ter como foco jovens, crianças e trabalhadores essenciais que não foram incluídos nas duas primeiras. É somente na quarta e última fase que toda a população será vacinada.

Em entrevista ao MIT Technology Review, o epidemiologista Marc Lipsitch, de Harvard, afirmou que faz mais sentido vacinar os mais velhos primeiro, a fim de evitar mais mortes, e depois seguir em frente para outros grupos mais saudáveis ou para a população geral.

Um estudo realizado em setembro deste ano, por exemplo, fez um modelo de como a covid-19 poderia se espalhar em seis países --- Estados Unidos, Índia, Espanha, Zimbábue, Brasil e Bélgica --- concluiu que, se o objetivo é reduzir as taxas de mortalidade, adultos com mais de 60 anos devem ser priorizados na hora da vacinação.

Quão eficaz uma vacina precisa ser?

Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia. Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.

Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. Mas não é tão simples assim.

Isso porque a eficácia de uma vacina é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que a tomam, ou seja, se 75% da população for vacinada, a proteção precisa ser 70% capaz de prevenir uma infecção para evitar futuras pandemias e 80% eficaz para acabar com o surto de uma doença.

As perspectivas mudam se apenas 60% das pessoas receberem a vacinação, e a eficácia precisa ser de 100% para conseguir acabar com uma pandemia que já estiver acontecendo — como a da covid-19.

Isso indica que a vida pode não voltar ao “normal” assim que, finalmente, uma vacina passar por todas as fases de testes clínicos e for aprovada e pode demorar até que 75% da população mundial esteja vacinada.

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