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Hackers estariam usando YouTube para vender cartões roubados

Revisão no conteúdo do site descobriu dezenas de vídeos que vendem dados de cartões de crédito roubados

Homem assistindo a um vídeo do YouTube, o serviço de vídeo do Google (Jason Alden/Bloomberg)

Homem assistindo a um vídeo do YouTube, o serviço de vídeo do Google (Jason Alden/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2014 às 23h02.

Uma revisão no conteúdo do serviço YouTube, da Google, descobriu dezenas de vídeos que vendem dados de cartões de crédito roubados, segundo um grupo de pesquisas sobre segurança na internet que tenta lançar mais luz a uma indústria ilícita de US$ 18 bilhões.

O grupo, chamado Digital Citizens Alliance (“Aliança dos Cidadãos Digitais”, em tradução livre), acusou o YouTube de não bloquear os vídeos e de lucrar com anúncios legítimos publicados junto a eles.

Uma pesquisa sobre como conseguir números de cartões de crédito de 2014 válidos gera 16.000 resultados, segundo um relatório de 13 páginas divulgado hoje.

Um dos exemplos disso é um vídeo que vende informações de cartões de crédito roubados postado ao lado de um anúncio da Target, que sofreu uma das maiores violações da história, em dezembro, quando hackers roubaram dados de milhões de clientes da rede varejista.

“Estamos perplexos com o que encontramos”, disse Tom Galvin, diretor-executivo da aliança com sede em Washington, em entrevista por telefone. “Encontramos dezenas, senão centenas de cartões de crédito sendo vendidos no YouTube”.

O YouTube disse que suas diretrizes proíbem conteúdos que incentivam atividades ilegais, incluindo vídeos que vendam material ilícito.

“A equipe de revisão do YouTube responde a vídeos sinalizados para nossa atenção o tempo todo, removendo milhões de vídeos por dia que violam nossas políticas”, disse Niki Christoff, porta-voz da companhia com sede em Mountain View, Califórnia, por e-mail.

A aliança não citou outros serviços on-line de vídeo, como o Bing.com, da Microsoft Corp., embora eles também tenham vídeos que vendem números de cartões roubados

Indústria em crescimento

O cibercrime é encarado como uma indústria em crescimento, com a Javelin Strategy Research Inc. estimando que os hackers furtaram US$ 18 bilhões no ano passado por meio de roubos de identidades e fraudes em contas. Outras empresas, além da Target, que também reportaram violações a dados de seus clientes, são a China Bistro Inc., dona da rede P.F. Chang’s, e a Neiman Marcus Group.

Galvin telefonou para um dos vendedores dos vídeos, que ofereceu a ele um preço entre US$ 20 cada, para 10 cartões, ou US$ 10 cada, para 100 cartões.

No telefonema, que o grupo gravou, o vendedor instruiu Galvin sobre onde usar os dados roubados e ofereceu a ele, por US$ 250, uma máquina que fabricaria cartões de crédito falsos.

Diretrizes da Google

Google tem “diretrizes rigorosas de publicidade” e trabalha “para evitar que os anúncios apareçam junto a qualquer vídeo, canal ou página uma vez que determinamos que o conteúdo não é apropriado para nossos parceiros anunciantes”, disse Christoff.

O investimento em anúncios de vídeos digitais aumentará US$ 1,76 bilhão neste ano, contra US$ 1,31 bilhão em 2013, com o YouTube e a Facebook Inc. liderando o caminho, segundo pesquisa da Bloomberg Industries.

A Digital Citizens Alliance preferiu não revelar suas fontes de financiamento.

Segundo seu site, a aliança é apoiada por “cidadãos privados; indústrias líderes de saúde, farmacêutica, criatividade e outras; especialistas de segurança on-line e outras comunidades focadas em segurança na internet”.

O conselho consultivo da aliança tem como membros Jonathan Zuck, presidente da Associação por uma Tecnologia Competitiva, que é patrocinada por Microsoft e Apple, concorrentes da Google.

Também faz parte do conselho Sally Greenberg, diretora-executiva da Liga Nacional de Consumidores, que listou a Google como patrocinador.

A aliança planeja notificar companhias que tiveram seus anúncios mostrados junto a vídeos que vendiam dados de cartões de crédito roubados com o objetivo de fazê-las pressionar a Google a remover o conteúdo.

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