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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h33.
O código de barras está com os dias contados. Em seu lugar, outra tecnologia promete revolucionar a logística de produtos na indústria e no varejo: a identificação por radiofreqüência (RFId, na sigla em inglês). Conhecida no Brasil como "etiqueta inteligente", a RFId substitui as barras por um microchip que emite ondas de rádio, economizando tempo de leitura e evitando erros. Segundo uma pesquisa mundial da consultoria Deloitte, as grandes empresas são as que lideram o processo de adoção do sistema (leia reportagem de EXAME sobre a chegada da RFId ao país).
Em parceria com a instituição americana Retail Systems Alert Group, a consultoria avaliou 90 grupos empresariais em diversos países. As redes varejistas representaram 60% da amostra, seguidas por fabricantes de bens de consumo (26%), distribuidores (11%) e transportadores (3%). Segundo o estudo, as companhias que faturam anualmente 5 bilhões de dólares ou mais estão investindo de 500 mil a 10 milhões de dólares para migrar para as etiquetas inteligentes. O volume de recursos desembolsados diminui com o porte das empresas.
Entre os motivos do pequeno investimento efetuado pelas companhias de menor porte, está o preço das etiquetas. Atualmente, cada unidade custa cerca de um dólar, o que inviabiliza o uso por varejistas de menor porte.
Negócios e barreira cultural
De acordo com a Deloitte, a maior barreira para a difusão das etiquetas inteligentes ainda é cultural. Cerca de 30% dos varejistas que participaram da pesquisa declararam que têm "medo de mudança". Outros 15% disseram ter "animosidades" em relação aos departamentos de tecnologia da informação.
Os fabricantes também são avessos à novidade. Entre 20% e 40% das respostas (segundo a categoria de produto) revelam falta de cultura de inovação nas organizações. A aversão ao risco é outro impeditivo: 44% dos fabricantes disseram descartar a tecnologia devido aos riscos que ela envolve.
Apesar da aversão ao novo, muitos entrevistados esperam aumento nas vendas como resultado da nova tecnologia. Cerca de 70% das empresas entrevistadas esperam algum crescimento dos negócios com o uso do RFId. Os mais confiantes são os distribuidores, com 80% das respostas apontando melhoria nos processos. Os fabricantes de bens de consumo já se mostram pessimistas: 56% deles responderam que têm "expectativas muito baixas" de ampliar suas vendas por causa da RFId.
Difusão no Brasil
Apesar do custo ainda alto e das dificuldades de difundir uma nova cultura de controle de estoques e logística, apontadas pela Deloitte, as etiquetas inteligentes já se disseminam pelo Brasil. A Unilever, por exemplo, escolheu a sua maior fábrica de sabão em pó do mundo (localizada no município paulista de Indaiatuba) para testar a tecnologia. Já o Grupo Pão de Açúcar planeja iniciar testes práticos da novidade ainda neste ano.