David Miranda (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h26.
Brasília - O Governo Federal pediu uma explicação formal ao Reino Unido pela retenção em Londres do brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista que publicou os primeiros documentos sobre a espionagem dos Estados Unidos vazados pelo ex -técnico da CIA, Edward Snowden, disseram nesta quarta-feira fontes oficiais.
"Ainda espero a resposta à comunicação formal por escrito que enviamos pedindo explicações", disse o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, em entrevista à Agência Brasil.
Em declarações a jornalistas, Patriota também disse que pediu que "seja devolvido no mais breve prazo todo o material" confiscado de Miranda pelas autoridades britânicas.
O Brasil já tinha consultado o embaixador do Reino Unido em Brasília para manifestar sua "grave preocupação" pelo fato e o tema também tinha sido discutido na conversa telefônica de dez minutos que o chanceler brasileiro teve na segunda-feira com seu par britânico, William Hague.
Em comunicado divulgado no domingo, dia do incidente, o Itamaraty qualificou como "injustificável" a detenção de Miranda por nove horas no aeroporto de Londres, baseada em uma norma da legislação antiterrorista britânica.
O ministro reforçou que a retenção do brasileiro indignou não só a opinião pública, mas também o governo, que fez declarações pedindo ao governo britânico que este tipo de postura não se repita.
Miranda foi detido no aeroporto londrino de Heathrow por seis agentes britânicos durante nove horas, o máximo que permite a legislação antiterrorista sem necessidade de apresentar acusações, e teve equipamentos eletrônicos, como celular, notebook, videogames e pendrives confiscados.
O brasileiro é companheiro do jornalista americano Glenn Greenwald, colunista do jornal inglês "Guardian", o primeiro a publicar os documentos vazados por Snowden sobre os programas secretos americanos de espionagem eletrônica e telefônica.
Miranda fazia uma escala em Londres quando voltava de Berlim para o Rio. Ele tinha ido visitar a documentalista Laura Poitras, que trabalha com Greenwald e outros jornalistas na análise dos documentos entregues por Snowden.
A retenção foi justificada pela polícia inglesa na lei de antiterrorismo e alegava que o brasileiro supostamente levava "informações roubadas" que poderiam ser utilizadas por terroristas.
A justificativa foi interpretada por Greenwald e pelo "Guardian" como uma tentativa de intimidação para que parem as publicações de conteúdo polêmico.