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Governo avança para dar fim a tomada a três pinos

Obrigatório desde 2011, uso do padrão para a tomada voltou a ser tema no Planalto

Polêmica: modelo com três pinos foi adotado em 2011, mas sofre com críticas desde então (Divulgação/Divulgação)

Polêmica: modelo com três pinos foi adotado em 2011, mas sofre com críticas desde então (Divulgação/Divulgação)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 19 de junho de 2019 às 17h03.

São Paulo – A tomada de três pinos está com os dias contados no Brasil. Pelo menos no que depender da vontade do presidente Jair Bolsonaro. O governo brasileiro está se articulando para dar um fim ao padrão adotado de forma obrigatória desde 2011 e que sofre com críticas por ser diferente de modelos usados na maioria dos países.

Segundo o jornal Valor Econômico, o assunto voltou à pauta no Planalto após a divulgação recente dos resultados econômicos brasileiros. Com números abaixo do esperado, o Governo entende que este seria um bom momento para revogar o uso compulsório da tomada de três pinos. “A sociedade brasileira, com toda legitimidade rejeitou a tomada de três pinos”, afirmou o secretário especial de Produtividade e Competitividade, Carlos Alexandre da Costa.

Colocar esse plano em prática, contudo, não será uma missão das mais fáceis em Brasília. A mudança é vista com resistência por órgãos técnicos. À revista Época, o diretor técnico da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Guilherme Tolstoy, classifica a possibilidade de alteração como um “retrocesso”. Segundo ele, não há possibilidade de ser eletrocutado com a tomada de três pinos. “Seria caótico mudar isso”, disse.

Tolstoy defende ainda que a mudança traria um impacto econômico contraproducente ao País. “Quantas construções foram feitas no Brasil nos últimos oito anos com esse modelo de tomada? Todos os fabricantes de eletrodomésticos e produtos elétricos estão fabricando com o novo modelo de plugue”, disse.

Não é a visão do Governo. Para Costa, o plugue triplo dificulta a entrada de equipamentos elétricos importados no País e encarece a adaptação. O secretário ainda afirma que apenas 20% das tomadas antigas, com dois pinos, foram trocadas até agora.

Para resolver o impasse, segundo o Valor, a expectativa em Brasília é conseguir o apoio de um aliado de peso na discussão, o Inmetro. A presidente do órgão, Ângela Flores Furtado, já assinou uma nota técnica que ratifica a segurança do padrão brasileiro, mas também considerou que seria “tecnicamente viável a disponibilidade de outro padrão internacional de tomada”.

O desgosto do governo de Bolsonaro pela tomada de três pinos não é recente. Em abril, após o mandatário anunciar o fim do horário de verão no Brasil – que estava em vigor desde 1931 –, Filipe Garcia Martins, assessor internacional do Planalto, usou o Twitter para defender outras medidas que, em sua visão, precisavam ser modificadas. “Temos que nos livrar da tomada de três pinos, das urnas eletrônicas inauditáveis e do acordo ortográfico”, escreveu Martins.

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