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Google vai banir anúncios políticos nas eleições do Canadá

Decisão vem após aprovação de uma nova lei local, a Bill C-76, que exige que empresas mantenham registro de anúncios do tipo veiculados em suas plataformas

Google: empresa domina o mercado de publicidade on-line, tendo faturado US$ 116 bilhões no ano passado. (Mike Segar/Reuters)

Google: empresa domina o mercado de publicidade on-line, tendo faturado US$ 116 bilhões no ano passado. (Mike Segar/Reuters)

GG

Gustavo Gusmão

Publicado em 6 de março de 2019 às 15h07.

Última atualização em 6 de março de 2019 às 16h20.

São Paulo —  O Google anunciou que vai banir anúncios políticos em suas plataformas durante as eleições federais do Canadá, planejadas para este ano. Confirmado ao jornal The Globe and Mail pela própria empresa, o movimento foi feito poucos meses após a aprovação de uma nova lei local, a Bill C-76, ou Ato Eleitoral, assinado em dezembro.

A legislação exige que empresas de mídia online mantenham um registro de todos os anúncios de políticos ou partidários publicados direta ou indiretamente em suas plataformas. As punições por não o fazer vão de multas até prisão, segundo a reportagem do jornal.

O problema para o Google é que se adaptar à lei e armazenar registros exigiria muitas modificações em seus sistemas, que precisariam ser feitas até 30 de junho, conforme explicou ao jornal Colin McKay, do Google Canadá. Também seria difícil construir em tão pouco tempo uma ferramenta que identificasse publicidade partidária "indireta", que não mencionasse um candidato ou um partido. "Concluímos que a melhor forma de compactuar com ela no ciclo eleitoral de 2019 era parar de aceitar anúncios políticos como definidos na legislação", disse.

A decisão pela saída "mais fácil" não deixou políticos do Canadá satisfeitos. Karina Gould, que é ministra das instituições democráticas, disse ao The Globe and Mail que está muito desapontada com o movimento do Google. "Sabemos que eles são extremamente capazes, tanto técnica quanto financeiramente. Eles deveriam aplicar esses recursos em produzir um registro no Canadá que respeitasse as leis canadenses", disse a política.

O projeto de lei foi aprovado pelos políticos canadenses para tentar inibir a interferência de outros países nas eleições, como lembrou o site Engadget. A falta de uma legislação do tipo nos EUA deixou o caminho livre para russos veicularem publicidade favorável a Donald Trump nas plataformas do Google e, especialmente, do Facebook durante o período eleitoral de 2016.

Ainda assim, mais do que impedir a ação de agentes estrangeiros, a decisão do Google deve afetar diretamente o trabalho das campanhas eleitorais. Segundo o jornal National Post, os partidos canadenses já gastam metade de sua verba de publicidade com anúncios nos meios digitais, para entregar mensagens mais direcionadas a eleitores em potencial. É uma tendência visível em outros países, como os EUA e até no Brasil. Transmitir alguns pontos principais das políticas dos candidatos, portanto, deve ficar mais difícil.

A empresa vai, agora, modificar suas políticas de publicidade para impedir que anunciantes veiculem publicidade política livremente até outubro, quando as eleições acontecem. A decisão não os impedirá, no entanto, de impulsionar resultados de busca no google.com, a ferramenta de pesquisa da companhia.

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