Ao que parece, o Nexus Watch terá a concorrência de rivais como o Galaxy Watch, da Samsung e o iWatch, da Apple (representado nesta ilustração artística) (Anders Kjellberg / Dogday Design)
Maurício Grego
Publicado em 22 de março de 2013 às 11h46.
São Paulo — O Google está desenvolvendo um relógio de pulso inteligente, diz o jornal britânico Financial Times. Esse suposto Nexus Watch deve rodar o sistema Android e se comunicar com o smartphone do usuário por meio de uma conexão sem fio. Vai exibir informações, emitir alertas e, talvez, fazer chamadas de voz pelo celular.
O Financial Times diz que o relógio inteligente do Google é um projeto da divisão Android, responsável pelos smartphones e tablets da linha Nexus. É diferente dos óculos de realidade aumentada, que foram criados no Google X, o laboratório para projetos mais arrojados da empresa.
O jornal diz ter recebido a informação de uma pessoa “informada sobre o projeto”. A notícia não surpreende, já que outras grandes empresas, como Apple e Samsung, também desenvolvem seus relógios inteligentes. Além disso, o rumor sobre o relógio do Google já circula há algum tempo no Vale do Silício.
Esses dispositivos já existem no mercado há anos. A Sony tem um, o Smart Watch; e a Samsung já lançou dois modelos no passado. Mas, em geral, eles são caros, oferecem funções limitadas e têm problemas como a curta duração da carga da bateria. Por isso, esses gadgets não se tornaram objetos de desejo.
Mas agora há chips que consomem menos energia. As tecnologias de telas de cristal líquido e comunicação sem fio estão mais maduras. E as interfaces por voz – como Siri, da Apple; S Voice, da Samsung; e Google Now – também começam a se tornar mais funcionais.
Logo, está próximo o momento em que alguém poderá criar um relógio inteligente realmente atraente. No passado, a Apple foi a empresa que melhor aproveitou esse tipo de oportunidade. Quando Steve Jobs anunciou o iPod, em 2001, já havia outros players de música no mercado.
Mas eles armazenavam poucas canções ou eram grandalhões demais. Por isso, não fizeram muito sucesso. Graças a inovações como um disco magnético de apenas 1,8 polegada, criado pela Toshiba, a Apple pode desenvolver o primeiro player compacto que tinha interface amigável e capacidade para mais de mil músicas. Acabou dominando o mercado.
O processo se repetiu em 2007, com o iPhone; e em 2010, com o iPad. Mas o tempo em que a Apple tinha essas ideias sozinha e surpreendia o mundo ficou para traz. As empresas, hoje, leem pensamentos umas das outras. Se existe uma oportunidade, muita gente a vê. O número de startups desenvolvendo relógios inteligentes – Pebble, Martian e I’m Watch são alguns exemplos – é uma evidência disso.
Há uma corrida entre os fabricantes. Todos querem ter o primeiro relógio inteligente realmente bem sucedido – o iPod dos relógios. Para o Google, essa busca também se insere num contexto maior, o da computação para vestir. A empresa deve começar a vender seus óculos de realidade aumentada no final do ano.
Pelo menos inicialmente, eles não devem se tornar um produto de massa. São caros (a versão preliminar custa 1.500 dólares nos Estados Unidos); e, é claro, não são todas as pessoas que vão querer andar por aí com um gadget que deve chamar bastante atenção.
Um relógio é mais discreto e integra-se naturalmente à vestimenta das pessoas. Assim, seu potencial de vendas parece maior. É uma área onde veremos muitas novidades.