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Google projeta sucessor do sistema Android

O projeto Fuchsia foi criado a partir do zero para superar as limitações do Android

 (Google/Divulgação)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 19 de julho de 2018 às 19h01.

Há mais de dois anos, uma discreta equipe de engenheiros do Google trabalha em software que eventualmente substituirá o Android, o sistema operacional para dispositivos móveis mais usado no mundo. A equipe vem crescendo, mas precisa enfrentar um debate interno acalorado sobre o funcionamento do software.

O projeto Fuchsia foi criado a partir do zero para superar as limitações do Android, diante da expansão das modalidades de dispositivos pessoais. O sistema foi elaborado para acomodar melhor interações de voz e atualizações de segurança frequentes e para ter a mesma aparência em diferentes aparelhos — de laptops a minúsculos sensores conectados à internet. O presidente do Google, Sundar Pichai, determinou como foco da empresa os serviços de inteligência artificial que atendem consumidores em qualquer lugar. No entanto, seus principais sistemas operacionais, que dependem de numerosos parceiros fabricantes de hardware, deixam a desejar.

O que já se sabe sobre o Fuchsia: O Google, controlado pela Alphabet, começou a divulgar sem alarde linguagens de código online em 2016 e permitiu que desenvolvedores de aplicativos fizessem experiências com partes do código aberto. O Google também começou a testar aplicações para o sistema, como telas interativas e comandos de voz para o YouTube.

Porém, integrantes do Fuchsia discutem um plano mais amplo, divulgado agora pela Bloomberg em primeira mão: criar um único sistema operacional capaz de rodar em todos os dispositivos desenvolvidos pela empresa, como telefones Pixel e alto-falantes inteligentes, e em aparelhos de terceiros que atualmente rodam com Android, além de um outro sistema chamado Chrome OS. As informações foram passadas por pessoas a par das conversas.

Segundo uma das fontes, dentro de três anos, os engenheiros pretendem embutir o Fuchsia em eletrodomésticos conectados, como alto-falantes controlados por voz, e então avançar para máquinas maiores, como laptops. De acordo com as pessoas, que pediram anonimato porque essas discussões são internas, o objetivo final da equipe é substituir o Android, software presente em mais de três quartos dos smartphones no mundo. A ideia é que isso aconteça em até cinco anos, segundo uma delas.

No entanto, Pichai e Hiroshi Lockheimer, o responsável por Android e Chrome, ainda não deram sinal verde para qualquer plano do Fuchsia, disseram as fontes. Os executivos precisam de cautela para decidir sobre qualquer grande alteração no Android porque o software é usado por dezenas de fabricantes de hardware, milhares de desenvolvedores de aplicativos e gera bilhões de dólares em anúncios em dispositivos móveis. O Android também está no centro de investigações por órgãos reguladores e problemas jurídicos para a empresa. Qualquer mudança no software será acompanhada de perto.

Na quarta-feira, autoridades europeias anunciaram uma multa antitruste no valor recorde de US$ 5 bilhões contra a companhia por usar o software móvel para disseminar seus serviços. Internamente, há muita discórdia sobre como o Fuchsia deve ser montado e aplicado, especialmente no tocante a privacidade.

Publicamente, a empresa cita o Fuchsia como exemplo da liberdade com que aborda produtos criativos. "O Google vê essas experiências com código aberto como investimento em inovação", afirmou um porta-voz por email. Em 2015, Lockheimer escreveu em um blog que a companhia não tinha planos de substituir o sistema operacional Chrome pelo Android. O porta-voz afirma que essa posição ainda é válida.

Ainda assim, o Fuchsia é muito mais do que um projeto de menor importância dentro da empresa. Pichai expressou seu apoio internamente, de acordo com fontes. Agora trabalham no Fuchsia mais de 100 pessoas, incluindo engenheiros de software de grande prestígio, como Matias Duarte, executivo de design que encabeçou diversos projetos pioneiros dentro e fora do Google. Duarte não trabalha no projeto em tempo integral, de acordo com uma fonte.A iniciativa visa fortalecer o Google na concorrência com a Apple. Embora o Android domine 85 por cento do mercado, o sistema operacional da concorrente, com os 15 por cento restantes, está à frente em termos de desempenho, privacidade, segurança e integração com outros dispositivos Apple.

Outra vantagem importante: a maioria dos usuários do iPhone atualiza rapidamente seus aparelhos quando a Apple lança uma nova versão do sistema operacional, comparado a menos de 10 por cento dos usuários de Android. Isso significa que os serviços mais recentes lançados pelo Google só alcançam uma parcela mínima dos usuários do sistema.

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