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Google pode ter que vender Chrome para reduzir monopólio no mercado de buscas; entenda

Propostas incluem licenciamento de dados e mudanças no sistema operacional Android

Escritório do Google: DOJ e estados norte-americanos propõem medidas antitruste que podem transformar o mercado de buscas e IA. (Thomas Trutschel / Colaborador/Getty Images)

Escritório do Google: DOJ e estados norte-americanos propõem medidas antitruste que podem transformar o mercado de buscas e IA. (Thomas Trutschel / Colaborador/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 19 de novembro de 2024 às 06h40.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) está pronto para pedir a um juiz que ordene a venda do navegador Chrome pela Alphabet, controladora do Google. A ação faz parte de um esforço histórico para reduzir o domínio da gigante tecnológica no mercado de buscas e publicidade digital.

Segundo a Bloomberg, a decisão surge após uma sentença judicial, em agosto, que concluiu que o Google monopolizou ilegalmente o mercado de buscas. Além da venda do Chrome, o DOJ e os estados que participam do caso planejam recomendar medidas adicionais, como requisitos de licenciamento de dados, mudanças no uso de inteligência artificial (IA) e alterações no sistema operacional Android.

Propostas que podem remodelar o mercado de tecnologia

Caso o juiz Amit Mehta aceite as propostas, o mercado de buscas e a emergente indústria de IA podem ser profundamente transformados. O DOJ já descartou uma opção mais severa, que exigiria a venda do sistema operacional Android.

O Chrome, navegador mais usado no mundo, controla cerca de 61% do mercado nos EUA, segundo dados do StatCounter. Ele é fundamental para a estratégia de anúncios do Google, permitindo acesso a dados de usuários conectados para direcionar promoções. Além disso, o Chrome é usado para promover o produto de IA do Google, o Gemini.

Entre as recomendações que o DOJ pretende apresentar, destacam-se:

  • Licenciamento de dados: O Google poderá ser obrigado a vender dados subjacentes de "cliques e consultas" e ampliar a sindicância de resultados de busca para facilitar a concorrência de motores de busca rivais e startups de IA.
  • Desacoplamento de produtos: O Android poderá ser desmembrado de outras plataformas do Google, como o Google Play e a busca, atualmente vendidos em pacotes.
  • Controle de anunciantes: Exigir que o Google forneça mais informações e controle aos anunciantes sobre onde seus anúncios são exibidos.
  • Restrições a contratos exclusivos: Proibição de acordos exclusivos que dificultam a concorrência, uma das principais acusações contra o Google no caso.

O tribunal também analisará mudanças no uso de respostas baseadas em IA exibidas no topo das páginas de busca do Google, conhecidas como “AI Overviews”. Editores de sites afirmam que a funcionalidade reduz o tráfego e os ganhos publicitários, já que os usuários raramente clicam nos resultados para acessar os dados utilizados.

Impactos para o Google

O Google contestou as propostas, argumentando que medidas como a venda do Chrome prejudicariam consumidores, desenvolvedores e a liderança tecnológica dos EUA. “A agenda radical do DOJ vai além das questões legais envolvidas neste caso”, disse Lee-Anne Mulholland, vice-presidente de assuntos regulatórios do Google.

As mudanças, se implementadas, poderão criar oportunidades para empresas rivais no mercado de buscas e IA, permitindo que startups desenvolvam suas próprias tecnologias com maior facilidade. Contudo, analistas questionam a viabilidade de uma possível venda do Chrome, dada a complexidade de encontrar compradores aptos e interessados, como a OpenAI, mencionada como uma potencial interessada.

O juiz Mehta marcou uma audiência de duas semanas para abril de 2025, quando decidirá quais medidas o Google deverá implementar. A sentença final está prevista para agosto do mesmo ano.

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