Tecnologia

Google, Lemann e o Brasil real

Rafael Kato No momento em que a economia ainda respira por aparelhos — o governo federal baixou nesta quarta-feira a previsão de crescimento do PIB de 1% para 0,5% — a empresa de tecnologia Google reuniu 450 pessoas, entre empresários, publicitários, jornalistas e influenciadores digitais em São Paulo para anunciar 12 novidades em seus produtos. […]

GOOGLE: anúncio de novidades voltadas ao mercado brasileiro / Rafael Kato

GOOGLE: anúncio de novidades voltadas ao mercado brasileiro / Rafael Kato

DR

Da Redação

Publicado em 22 de março de 2017 às 19h34.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h09.

Rafael Kato

No momento em que a economia ainda respira por aparelhos — o governo federal baixou nesta quarta-feira a previsão de crescimento do PIB de 1% para 0,5% — a empresa de tecnologia Google reuniu 450 pessoas, entre empresários, publicitários, jornalistas e influenciadores digitais em São Paulo para anunciar 12 novidades em seus produtos. Alguns desses novos serviços são novidades globais. “O Google está investindo no Brasil e tem a disposição de continuar contribuindo ativamente para a economia do país, ajudando os brasileiros a ter sucesso online”, afirmou Fabio Coelho, presidente da empresa no Brasil

O Google, que nos últimos três anos afirma ter investido mais de 500 milhões de reais no país, apresentou recursos voltados para a realidade brasileira. Um exemplo: para driblar a conexão instável e cara, o Google apresentou o upload automático de imagens no serviço de armazenamento Google Fotos mesmo com conexão de internet móvel ruim. O compartilhamento e o backup de imagem são feitos em uma resolução reduzida. A imagem só é salva numa versão de melhor qualidade quando a conexão for melhor.

Pode ser um alívio importante no bolso. No Brasil, o custo mensal de utilizar a internet no smartphone equivale a 2,27% da renda, segundo o Banco Mundial. Uma porcentagem mais elevada do que em países como Namíbia, Gabão e Egito.

Na mobilidade urbana, a empresa anunciou que o serviço de caronas do app Waze, conhecido como Carpool, chegará ao Brasil até o final deste ano. “Quem pega a carona pagará apenas pela gasolina. Não se trata de algo como o Uber ou um serviço de taxi, em que se ganha dinheiro. São apenas pessoas indo na mesma direção”, disse Din-Ann Eisnor, diretora Global do Waze.

O Waze Carpool funciona apenas em Israel e em uma parte da cidade de São Francisco, na Califórnia. Segundo Eisnor, o Brasil foi uma escolha natural para expandir o serviço. São Paulo é a cidade com maior número de usuários ativos mensalmente no mundo, e o Brasil é o segundo país a utilizar, atrás dos Estados Unidos.

Nos Estados Unidos, é possível utilizar o Carpool por no máximo duas vezes ao dia — para ir e voltar do trabalho. O Waze conecta o motorista com quem pegará a carona de acordo com os lugares de partida e de destino. Nenhuma outra parada ao longo do percurso é permitida. Embora não tenha sido confirmado, é esperado que as mesmas regras sejam aplicadas por aqui. Se o serviço vier a se tornar popular, será um competidor de apps de mobilidade na cidade, como Uber, Cabify e 99.

Educação

Além das novidades de seus serviços, o Google realizou uma doação no valor de 15,8 milhões de reais para atacar outro problema nacional: a educação. O dinheiro será destino a uma plataforma digital para professores brasileiros num projeto liderado pela revista Nova Escola, da Fundação Lemann. A ideia é que com essa plataforma 300.000 docentes possam acessar conteúdos, planos de aulas e outros materiais que auxiliem na criação de melhores experiências de aprendizado dos estudantes.

“Educacão é o principal problema do Brasil. Se melhoramos a educação, o Brasil vai melhorar muito”, afirmou Jorge Paulo Lemann. O empresário — e homem mais rico do país — acredita que a tecnologia é um caminho para resolver esse problema. “Sou fascinado e frustrado com a tecnologia. Sou fascinado com tudo que o Google faz em tecnologia. Mas sou um vendedor de cerveja, algo que se faz do mesmo jeito há 2.000 anos, e de catchup, que se faz do mesmo jeito há 100 anos”, disse.

Quando Google e Lemann se juntam para anunciar investimentos em educação, conectividade e transporte, vale a pena prestar atenção.

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