Tecnologia

Google lança novos dispositivos em meio a onda de polêmicas

A companhia afirmou que em março detectou e corrigiu uma falha de segurança que expôs dados privados de até 500 mil contas

Google: demora para revelar incidente que provocou o vazamento de dados pessoais provocou críticas à empresa (Sergio Perez/Reuters)

Google: demora para revelar incidente que provocou o vazamento de dados pessoais provocou críticas à empresa (Sergio Perez/Reuters)

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AFP

Publicado em 9 de outubro de 2018 às 14h01.

O Google lança nesta terça-feira, 9, um novo smartphone e outros dispositivos, mas o evento foi ofuscado pelo anúncio de uma falha que o obrigou a fechar sua rede social.

A companhia afirmou na segunda-feira que em março detectou e corrigiu uma falha de segurança que expôs dados privados de até 500 mil contas do Google+. A demora para revelar o incidente, porém, provocou críticas.

A revelação levantou preocupações em Washington sobre as práticas de privacidade dos gigantes do Vale do Silício, após uma série de passos em falso do Facebook que poderiam ter permitido o vazamento de dados de milhões de pessoas.

"No último ano, vimos o Google tentar evitar a supervisão de suas práticas de negócios e do processamento de dados de usuários", disse o senador Mark Warner em um comunicado.

Warner apontou que, apesar dos acordos de "consentimento" com a Comissão Federal do Comércio (FTC) dos Estados Unidos, "nenhuma empresa parece ter sido particularmente castigada sobre suas práticas de privacidade", acrescentando que "é claro que o Congresso deve intervir".

Marc Rotenberg, presidente do Centro de Informação de Privacidade Eletrônica, uma organização de pesquisa e análise, afirmou que a última falha relatada sugere que a FTC não cumpriu sua responsabilidade de proteger os dados dos usuários.

"O Congresso precisa de uma agência de proteção de dados nos Estados Unidos", considerou Rotenberg.

"As brechas de segurança estão aumentando, mas a FTC carece de vontade política para fazer cumprir suas próprias decisões legais".

TENSÕES CRESCENTES

O líder de buscas na internet já havia enfrentado situações tensas com os legisladores depois que decidiu não enviar seu presidente-executivo ao Congresso para testemunhar em uma audiência sobre privacidade e proteção de dados.

No mês passado, o Google disse que enviaria o diretor executivo Sundar Pichai para depor perante o Congresso.

Google também foi alvo do presidente Donald Trump, que alegou que seus resultados de busca eram tendenciosos contra os conservadores, embora houvesse pouca evidência para apoiar essa afirmação.

O aumento das tensões ocorre quando o Google realiza um evento em Nova York para lançar seu Pixel 3, smartphone premium que pretende competir com os dispositivos da Apple e Samsung.

O telefone Pixel faz parte de um conjunto de produtos que o Google está lançando como parte de um esforço para manter os consumidores em seu ecossistema móvel e desafiar rivais como Apple e Amazon.

Na segunda-feira, o Google disse que não poderia confirmar quais contas foram afetadas pela brecha descoberta, mas uma análise indicou que poderia ter deixado 500.000 contas do Google+ expostas.

A empresa não especificou quanto tempo durou a falha do software ou por que esperou tanto tempo para revelá-la.

O Wall Street Journal informou que os executivos do Google optaram por não notificar os usuários de antemão para evitar atrair a atenção dos reguladores e favorecer comparações com o escândalo de vazamento de dados no Facebook.

No início deste ano, o Facebook reconheceu que informações pessoais de dezenas de milhões de usuários foram usadas sem consentimento pela Cambridge Analytica, uma empresa política que trabalhou para Donald Trump em 2016.

O Google também enfrenta críticas crescentes pelo desenvolvimento de uma versão de seu mecanismo de busca adaptado às exigências da censura na China e por seu trabalho para as forças armadas dos Estados Unidos.

Nesta terça, confirmou que está abandonando a licitação para um contrato com o Pentágono que poderia ascender a 10 bilhões de dólares, argumentando que o acordo não seria coerente com seus princípios.

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