EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h34.
Embora ainda não dê dinheiro para a empresa, o Google já estuda maneiras de remunerar os usuários do Orkut. Foi o que disse Eric Schmidt, executivo-chefe do Google, numa breve e bem-humorada conversa com jornalistas brasileiros. Em sua primeira vinda ao país, essencialmente para conversar com clientes, Schmidt disse que os sites que usam conteúdo gerado pelos próprios usuários -- como o YouTube, também do Google -- tendem a caminhar para esse modelo. "Mas nada foi definido ainda", disse o executivo.
Schmidt disse que a América Latina é hoje a região do mundo em que os serviços do Google mais crescem. Além do Orkut, ele também mencionou o YouTube. Sobre as questões de crimes ligados à rede de relacionamentos, uma preocupação crescente das autoridades brasileiras, Schmidt disse apenas que o assunto é observado com cuidado na sede e que à empresa cabe apenas cumprir as leis de cada país. "Nós não fazemos as leis do Brasil nem nos cabe discuti-las. Apenas devemos cumpri-las."
O CEO do Google disse que o ritmo de contratação de novos funcionários na operação brasileira deve crescer mais rápido do que no resto do mundo. Schmidt afirmou também que, com o crescente uso dos serviços do site pelos internautas daqui, a empresa considera o país como um dos potenciais candidatos a receber um dos data centers erguidos em todo o mundo. Mas ele disse que não poderia dar mais detalhes. Segundo Schmidt, o motivo da não-divulgação dessas informações é a segurança dessas instalações.
O que o Google pretende com sua rede mundial de data centers e redes de fibras ópticas é um dos grandes mistérios do Vale do Silício. Alguns suspeitam que o Google vá entrar em algum negócio ligado a telecomunicações. Schmidt diz apenas que a empresa é um supercomputador, cujos serviços podem ser acessado de qualquer parte do mundo pela internet e que, para isso, é necessário criar uma infra-estrutura global. Ele disse que, hoje, quase 45% das receitas da empresa já vêm de fora dos Estados Unidos, e que dentro de poucos anos o faturamento internacional será predominante.
Contratado pela dupla de fundadores Sergey Brin e Larry Page em 2001, quando o Google ainda era apenas uma ferramenta de busca, não um gigante do mundo da tecnologia, Schmidt é um veterano do Vale do Silício. Trabalhou durante 14 anos na Sun, onde foi um dos responsáveis pela criação da linguagem de programação Java, e depois foi presidente da Novell, uma empresa de software que na época era especializada em redes. Sua carreira ainda inclui passagens pelo famoso laboratório PARC, da Xerox, responsável por inovações como o mouse e a interface gráfica para os computadores. Hoje, Schmidt comanda, num esquema de triunvirato com Page e Brin, a empresa mais influente do mundo da tecnologia.
A visita de Schmidt, que acontece menos de um mês depois da vinda de outro alto executivo da empresa ao país (Omid Kordestani, um dos primeiros funcionários do Google e hoje vice-presidente sênior de novos negócios, esteve em São Paulo em março), demonstra a crescente importância da operação brasileira. Além do escritório na capital paulista, o Google tem também um centro de desenvolvimento em Belo Horizonte, que deve ser visitado por Schmidt nesta quarta-feira.