Tecnologia

Google+ é a cidade fantasma das redes sociais?

O Google+ cresce velozmente em número de pessoas registradas, que já passam de 90 milhões, mas poucas realmente usam a rede social

Apesar de ter alguns recursos exclusivos, o Google+ não conseguiu convencer muitos usuários a adotá-lo em lugar do Facebook (Reprodução)

Apesar de ter alguns recursos exclusivos, o Google+ não conseguiu convencer muitos usuários a adotá-lo em lugar do Facebook (Reprodução)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 29 de fevereiro de 2012 às 17h13.

São Paulo — Dados divulgados nesta semana pela comScore indicam que os mais de 90 milhões de inscritos no Google+ quase não usam a rede social. Segundo a empresa, o tempo médio de permanência dos usuários, de setembro a janeiro, foi 3 minutos por mês, contra 7 horas por mês no Facebook. Esses números levaram o Wall Street Journal a chamar o Google+ de “cidade fantasma das redes sociais”.

Aberto em junho do ano passado, o Google+ angariou usuários mais rapidamente que qualquer outra rede social na história. O número mais recente divulgado pelo Google indica que eles já passam de 90 milhões. O Facebook levou anos para atingir essa marca. Se o ritmo atual de novas inscrições se mantiver, a rede social pode chegar a 400 milhões de usuários neste ano, o que seria um feito notável.

Mas os números da comScore contam outra história. Amplamente divulgado por meio dos vários serviços do Google na web, o Google+ certamente atrai as pessoas. Mas elas não veem motivos para adotá-lo em lugar do Facebook. Na maioria dos casos, feita a  inscrição, o perfil fica abandonado, sem atividade significativa. Esse cenário de cidade fantasma é péssimo, é claro, para qualquer tipo de negócio na rede.

Um dado que parece confirmar essa avaliação negativa do Google+ é o fato de a rede social quase não mandar visitantes para outros sites da web, produzindo o chamado tráfego de referência. O site NetMarketShare, que mantém estatísticas desse tráfego, aponta que a rede social campeã nesse quesito é, de longe, o Facebook.


Isso indica que os usuários do Facebook publicam muitas atualizações com links para conteúdo disponível em outros locais. Outros sites que geram bastante tráfego de referência são YouTube, StumbleUpon, Reddit, LinkedIn e Twitter. O Google+ só aparece em 14º lugar na lista da NetMarketShare, com geração de tráfego quase desprezível.

Mike Egan, que mantém um blog sobre tecnologia na rede social do Google, observa que, do ponto de vista estritamente estatístico, o crescimento exageradamente rápido do Google+ contribui para tornar mais tenebrosos seus números de engajamento de usuários. O raciocínio de Egan é que certamente há usuários muito ativos no Google+, como ele próprio. Mas esses usuários acabam diluídos num mar de pessoas, sendo que muitas delas são, de fato, inativas. 

O Google respondeu ao Wall Street Journal argumentando que o papel principal do Google+ não é ser um destino final. Em vez disso, sua função na estratégia da empresa seria acrescentar uma camada social a serviços como Gmail e YouTube. Os dados fornecidos pelos usuários serviriam para orientar a exibição de anúncios personalizados nesses sites. 

Isso pode até fazer sentido para o Google. Mas é fácil perceber que, se as pessoas se cadastram e não atualizam seus dados, eles tendem a se tornar incorretos com o tempo. Além disso, a fama de cidade fantasma pode, é claro desencorajar novas inscrições, reduzindo o ritmo de crescimento do Google+. Também tende a afastar potenciais anunciantes e desenvolvedores de aplicativos. Nada disso significa, é claro, que o Google+ esteja condenado ao fracasso. Mas os dados certamente devem acender uma luz amarela nos escritórios de Mountain View.

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