Tecnologia

Google compra 1.030 patentes da IBM

O Google está adquirindo 1.030 patentes da IBM em mais um lance na feroz disputa sobre propriedade intelectual entre as empresas de tecnologia

O Google vai às compras e arremata as patentes da IBM (Sean Gallup/Getty Images)

O Google vai às compras e arremata as patentes da IBM (Sean Gallup/Getty Images)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 29 de julho de 2011 às 13h58.

São Paulo — Em mais um lance na crescente disputa de patentes entre as empresas de tecnologia, o Google anunciou que está adquirindo um pacote de 1.030 patentes da IBM. O valor do negócio não foi divulgado pelas duas empresas.

O site especializado SEO by the Sea analisou as patentes incluídas no pacote e encontrou uma ampla variedade de tecnologias descritas nelas. Há desde registros de processos de fabricação de chips até algoritmos usados em bancos de dados. Algumas delas podem ter relação com o negócio de buscas do Google. Outras talvez sejam úteis para proteger fabricantes de smartphones com o sistema Android.

Esses fabricantes têm sido alvo de outras empresas, que cobram royalties pelo uso de tecnologias patenteadas. A Microsoft, por exemplo, recebe US$ 5 em royalties por smartphone com Android vendido pela HTC, segundo estimativas do mercado. A empresa de Steve Ballmer também processa a Samsung e deve fechar um acordo com ela que inclua pagamento de royalties. À medida que essa prática se espalha, ela tende a encarecer os smartphones com Android, algo que, obviamente, contraria os interesses do Google.

Mercado aquecido

Quanto à IBM, como outras grandes companhias, ela desenvolve, há décadas, tecnologias que nem sempre se encaixam em sua linha de produtos. Vender as patentes que não terão utilidade na própria empresa é uma maneira de gerar receita e obter retorno do investimento em pesquisas.


A movimentação no mercado tem sido tão intensa que levou ao aparecimento de empresas especializadas em negociar propriedade intelectual, às vezes chamadas, de forma pejorativa, de patent trolls (algo como brutamontes das patentes). Uma delas, a Intellectual Ventures, do ex-diretor da Microsoft Nathan Myhrvold, possui um acervo estimado em 30.000 patentes. Outra dessas empresas, a InterDigital, colocou à venda, neste mês, todo o seu patrimônio de 8 mil patentes. O Google vem sendo apontado como o principal interessado na compra.

Em abril, Kent Walker, vice-presidente sênior do Google, abordou a questão no blog oficial da empresa. “O mundo da tecnologia tem visto uma explosão nas disputas de patentes. Elas envolvem, frequentemente, patentes de software de baixa qualidade, que prejudicam a inovação. Alguns processos são movidos por empresas que nunca criaram nada. Outros são motivados pelo desejo de bloquear produtos concorrentes ou de lucrar com o sucesso dos rivais”, escreveu ele.

O caso Nortel

Walker publicou o post no blog do Google para explicar a participação da empresa no leilão de patentes da Nortel, que fez parte do processo de falência dessa empresa. Na ocasião, o Google apresentou, à Nortel, um enigmática oferta igual ao número pi em bilhões de dólares. 

Quem levou o pacote de 6.000 patentes, porém, foi um grupo liderado por Apple e Microsoft, que pagou US$ 4,5 bilhões. Faziam parte do pacote tecnologias de comunicação sem fio, celulares 4G LTE, redes de dados e voz, conexões ópticas, protocolos da internet e semicondutores. Depois da derrota, o Google parece ter encontrado uma alternativa para reforçar seu acervo fechando o negócio com a IBM.

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