Pessoas assistem a televisão: o aplicativo para smartphones, tablets, computadores e televisões reúne mais de 80 emissoras (Notorius91/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 26 de fevereiro de 2016 às 07h36.
Paris - Uma nova maneira de assistir televisão que pretende deixar o espectador diante de todos os tipos de telas conectáveis à internet, sem que os canais tenham que modificar seu funcionamento, está prestes a ser revelada na França e em outros países vizinhos.
O projeto visa dar acesso a produções de grandes e pequenas emissoras públicas e privadas, em detrimento do incalculável material oferecido por sites, blogs e portais como YouTube.
A ideia se chama "Molotov.TV" e tem o apoio de dois grandes empresários do cinema, da internet e da televisão: Jean-David Blanc, escritor, músico e fundador do site francês "AlloCine"; e Pierre Lescure, cofundador nos anos 80 da emissora a cabo "Canal Plus" e atual presidente do Festival de Cannes.
Ainda sem ter estreado, o aplicativo para smartphones, tablets, computadores e televisões reúne mais de 80 emissoras, a maioria francesas, mas também internacionais, como a "CNN".
Criado para revolucionar a relação entre internet, usuários e televisão, o projeto promete um fácil acesso gratuito a uma vasta programação e serviços anexos por meio de pagamento capazes de "enriquecer ainda mais a experiência de consumo".
Após vários atrasos, o lançamento ainda não tem datas exatas, mas ocorrerá primeiro na França e em seguida em países vizinhos. De acordo com Lescure, os mais de 100 mil assinantes já inscritos terão "novidades neste mês de fevereiro".
Junto a Jean-Marc Denoual, vice-presidente da "Molotov.TV", ambos garantem que não há empresas similares, com uma equipe técnica de 40 pessoas e que acaba de abrir uma segunda campanha de arrecadação de recursos para multiplicar "por três ou quatro" os 10 milhões de euros arrecadados na primeira.
As grandes operadoras a cabo e a Apple tentaram fazer o mesmo nos Estados Unidos, mas tiveram que desistir porque "não conseguiram convencer o conjunto das emissoras a compartilhar uma mesma plataforma". Na França, as emissoras parecem ter acreditado no método para reconquistar audiência.
"Total lealdade às televisões, a seus programadores e a seus criadores de programas. Este é o nosso lema", ressaltou Lescure, antes de lembrar que as televisões públicas e privadas investem 3 bilhões de euros na França em programas gratuitos, e as pagas a mesma coisa, enquanto continuam a perder audiência.
Na opinião de Lescure, tudo se baseia em "simplesmente fazer jus à televisão", já que a maioria das pessoas não compreendem sua qualidade.
O famoso "tempo de cérebro humano disponível" que as televisões vendem a preço de ouro à publicidade se expande pela internet, assunto crucial que a "Molotov.TV" promete resolver em um só golpe e com um mínimo número de cliques.
Os assinantes poderão visualizar que programas estão passando, já passaram e ainda passarão em seus canais favoritos, além de buscar por tema, gênero, filme, apresentador, ator, diretor ou personagem que interessar.
Será possível gravar ao vivo e programar as gravações, voltar a transmissão e buscar os últimos capítulos, jogos, episódios ou telejornais. Tudo isso sem a necessidade de utilizar o controle remoto e sem passar pelas atuais operadoras, pois o "Netflix francês" só requer uma tela "conectada".
A plataforma "abre as portas para tudo o que há. É como entrar em uma livraria, mas não vamos reclamar por ter muitos bons livros. Tem que aprender a escolher", concluiu Lescure.