Yuan pode ser alternativa, mas, no momento, mais de 99% das stablecoins existentes são denominadas em dólar (Thomas White/Reuters)
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Publicado em 3 de julho de 2025 às 15h28.
Assim como o dólar norte-americano rege as transações globais tradicionais, o mercado de stablecoins também é amplamente controlado por criptoativos atrelados à moeda dos EUA. Para se contrapor à crescente influência dessas criptomoedas, gigantes de tecnologia chinesas, como JD.com e a afiliada da Alibaba, Ant Group, estão pressionando o banco central da China para autorizar a emissão de stablecoins atreladas ao yuan.
As duas empresas propõem que o governo permita o lançamento de stablecoins em Hong Kong, lastreadas no yuan offshore – versão da moeda chinesa utilizada fora da China continental. O objetivo é promover o uso global do yuan e diminuir a dominância do dólar no mercado de criptomoedas estáveis. Esse movimento ocorre enquanto Hong Kong disputa com os Estados Unidos para estabelecer um marco regulatório para stablecoins, buscando ampliar sua presença no mercado global de finanças digitais.
Caso o lobby tenha sucesso, isso representará uma mudança significativa na postura da China em relação às criptomoedas, já que o país proibiu sua negociação em 2021. Além disso, poderá reconfigurar a estratégia do país para a internacionalização do yuan. Recentemente, o governo afrouxou regulações em áreas cruciais, como inteligência artificial e tecnologia, visando recuperar o acelerado ritmo de crescimento e resistir às tensões geopolíticas.
Por enquanto, o mercado global de stablecoins é considerado pequeno, com um valor de aproximadamente US$ 247 bilhões, mas com perspectivas de que ele cresça até US$ 2 trilhões até 2028, de acordo com o Standard Chartered Bank. Estima-se que mais de 99% das stablecoins existentes sejam denominadas em dólar.
Apesar de ser a segunda maior moeda econômica global, o yuan enfrenta barreiras devido ao controle rigoroso de capitais imposto pela China. O aumento da utilização de stablecoins atreladas ao dólar entre exportadores chineses, especialmente por conta das tensões geopolíticas e da volatilidade cambial nos mercados emergentes, reforça a necessidade de uma alternativa para facilitar pagamentos transnacionais.
As stablecoins são lastreadas em ativos líquidos como o dólar dos EUA, mas também existem algumas atreladas a metais preciosos ou outras moedas. Isso oferece maior estabilidade e previsibilidade. As maiores são a USDT, da Tether, e a USDC, da Circle.
Por outro lado, criptomoedas como bitcoin ou ether são voláteis, não estão vinculadas a reservas tradicionais de valor e têm preços que variam conforme a oferta e a demanda.