Chefes de tecnologia gastam milhões a mais em segurança pessoal (AFP)
Redatora
Publicado em 15 de agosto de 2025 às 15h23.
Grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos aumentaram seus orçamentos de segurança pessoal de seus CEOs, diante de ameaças de morte, ataques cibernéticos e episódios de violência contra líderes corporativos. Levantamento do Financial Times mostra que dez das maiores companhias do setor destinaram, juntas, mais de US$ 45 milhões em 2024 para isso.
Entre as empresas que ampliaram gastos estão Meta, Alphabet, Amazon, Nvidia e Palantir. Todas registraram crescimento acima de 10% nas despesas de segurança em relação ao ano anterior. Segundo especialistas, a alta reflete um cenário de maior exposição pública desses executivos e aumento das ameaças físicas e digitais.
"Nunca vi uma ameaça ou preocupação tão grande quanto hoje", disse ao FT James Hamilton, fundador da Hamilton Security, ex-agente do FBI e ex-vice-presidente da Gavin de Becker and Associates, que forneceu serviços de segurança privada para o dono da Tesla, Elon Musk, e para o fundador da Amazon, Jeff Bezos.
A Meta segue com o maior orçamento. Em 2024, desembolsou US$ 27 milhões para segurança de Mark Zuckerberg e sua família, valor que inclui proteção residencial e em viagens. A cifra supera o gasto de 2023, de US$ 24 milhões, e é maior do que a de concorrentes porque cobre também familiares do executivo.
A Nvidia destinou US$ 3,5 milhões à proteção do CEO Jensen Huang, alta de 59% em relação a 2023. A valorização da empresa, que atingiu US$ 4 trilhões, e a atuação de Huang no debate sobre exportações de chips para a China contribuíram para o reforço da segurança.
O CEO da Palantir, Alex Karp, passou a contar com equipe de segurança 24 horas e até quatro seguranças simultâneos após receber ameaças relacionadas ao uso de tecnologia da empresa pelo Exército israelense. A fortuna pessoal de Karp cresceu quase US$ 7 bilhões em 2024.
No caso de Musk, as medidas incluem até 20 profissionais de segurança. Embora a Tesla tenha declarado gasto de US$ 500 mil em 2024, o valor representa apenas parte do custo total, já que empresas privadas de Musk, como SpaceX e xAI, não divulgam despesas.
Jeff Bezos mantém gasto anual de US$ 1,6 milhão com segurança, bancado pela Amazon desde 2010. O atual CEO da companhia, Andy Jassy, teve seu orçamento ampliado para US$ 1,1 milhão em 2024.
Segundo empresas de segurança, as ameaças contra executivos de tecnologia se intensificaram após episódios de violência, como o assassinato do CEO da United Healthcare, Brian Thompson, em dezembro de 2024, e o ataque armado em um prédio comercial de Nova York em julho do mesmo ano.
Além de reforço na segurança pessoal, algumas companhias implementaram novas políticas, como retirada de fotos e biografias de executivos de sites institucionais e obrigatoriedade de voos em aeronaves privadas corporativas.
As ameaças incluem não apenas ataques físicos, mas também sequestros, invasões domiciliares e crimes digitais, como uso de deepfakes para fraudes financeiras. Executivos de criptomoedas, como Brian Armstrong, da Coinbase, também têm ampliado investimentos em proteção devido a tentativas de sequestro.
Especialistas apontam que empresas com executivos de alta visibilidade, grande base de acionistas e forte presença política estão em um perfil de risco elevado, o que tende a manter os gastos com segurança em patamar alto nos próximos anos.