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Possível fracasso da libra pode ajudar o bitcoin

Segundo Fernando Ulrich, da exchange XDEX, criada por sócios da XP Investimentos, a criptomoeda do Facebook pode impulsionar o bitcoin

Libra: criptomoeda do Facebook enfrenta problemas no congresso americano (Dado Ruvic/Reuters)

Libra: criptomoeda do Facebook enfrenta problemas no congresso americano (Dado Ruvic/Reuters)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 31 de julho de 2019 às 14h58.

Última atualização em 31 de julho de 2019 às 14h58.

São Paulo – O projeto de moeda digital libra, do Facebook, pode não ir adiante se questionamentos de parlamentares norte-americanos ganharem força, e isso não necessariamente será ruim para o preço do bitcoin, avalia o analista-chefe da XDEX, plataforma de compra e venda de criptomoedas, Fernando Ulrich.

Ele argumenta que há no Congresso norte-americano uma sensação de negócios não acabados com a gigante de tecnologia, após os eventos relacionados ao escândalo de vazamento de dados da empresa de mídia social para a Cambridge Analytica, por exemplo.

"Se elevar demais o tom ou isso se tornar uma briga maior, (a libra) pode nem sair do papel", disse Ulrich à Reuters. A XDEX tem como sócios o Grupo XP e General Atlantic.

Em junho, o Facebook anunciou que se uniu a 28 parceiros para formar uma entidade sediada em Genebra chamada Libra Association, que administrará sua nova moeda digital a ser lançada no primeiro semestre de 2020. Mas desde então tem sofrido questionamentos de órgãos reguladores, parlamentares e governos.

Os congressistas norte-americanos não querem que o projeto colete as informações e armazene os dados dos usuários, incluindo hábitos de pagamentos, e desejam que ele seja o mais descentralizado e mais privado possível, mas querem poder monitorar movimentações para evitar fraudes, como lavagem de dinheiro, disse o analista.

Para Ulrich, o fato da libra ser um projeto relativamente centralizado impossibilita comparações com o bitcoin e outras criptomoedas e um eventual fracasso do projeto do Facebook deveria beneficiá-las.

"O bitcoin não pode ser encerrado pelas autoridades por decreto ou vontade política. Isso é impossível, é como querer acabar com a lei da gravidade... Acho que reforça cada vez mais (a tese do bitcoin). O bitcoin, por ironia do destino, pode acabar sendo ainda o grande beneficiado dessa história toda."

"O Facebook utilizou bastante a palavra inclusão financeira, desbancarização no mundo. Mas na prática eu não sei como ele vai conseguir fazer para atender todas as exigências de regulação, medidas contra lavagem de dinheiro, entre outras, acho que vai ficar mais no campo dos sonhos do que na realidade da inclusão financeira."

Desde o anúncio do projeto da libra, o bitcoin acumula valorização ao redor de apenas 1%, a 9.436,97 dólares, na máxima intradia, contudo, chegou a 12.920,54 dólares.

No Brasil, Ulrich afirmou que apesar de o mercado de criptomoedas ser "na melhor das hipóteses 1 por cento do mercado mundial ele tem acompanhado o ritmo de expansão global. "Para mim, a tendência é sim de crescimento, mas um crescimento que não será linear... Haverá percalços, solavancos no caminho", afirmou. Segundo a coinmarketcap.com, o valor de mercado de todas as criptomoedas em circulação no mundo atinge cerca de 260 bilhões de dólares.

De acordo com ele, o principal uso das criptomoedas no país hoje é para investimentos, seja de longo prazo, seja especulativo, com aplicadores de perfis bastante variados.

"É um ativo que tem potencial, mas é um ativo ainda muito novo, de um perfil de volatilidade que é bem acima dos ativos nacionais", ressaltou, destacando a necessidade de trazer mais educação financeira para as pessoas saberem em que tipo de ativo estão investindo.

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