Tecnologia

Foxconn diverge do governo e fábrica encalha

A fábrica de telas de cristal líquido da Foxconn no Brasil ainda não saiu do papel, e uma das razões seria uma divergência entre a empresa e o governo sobre tecnologia

O governo brasileiro anunciou, no ano passado, que a Foxconn teria uma fábrica de telas de cristal líquido no Brasil (Reuters)

O governo brasileiro anunciou, no ano passado, que a Foxconn teria uma fábrica de telas de cristal líquido no Brasil (Reuters)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 17 de julho de 2012 às 10h54.

São Paulo — O jornal Folha de S.Paulo noticiou, nesta terça-feira, que a prometida fábrica de telas de cristal líquido da Foxconn no Brasil não saiu do papel, em parte, por causa de uma divergência com o governo brasileiro sobre tecnologia. A informação, segundo o jornal, veio de representantes do governo.

O BNDES deverá ser sócio no empreendimento, com participação de 30% no investimento total previsto de 4 bilhões de dólares. Mas o banco diz que só libera o dinheiro se a Foxconn concordar em fabricar telas OLED, tecnologia considerada mais avançada. A empresa, porém, diz que seu objetivo é produzir no Brasil telas de LCD/LED.

As telas OLED (a sigla vem de Organic Light Emiting Diode ou Diodo Orgânico Emissor de Luz) fazem sucesso em smartphones como o Galaxy S III, da Samsung, que emprega a variante chamada pela empresa de HD Super AMOLED. São telas em que os dispositivos que formam a imagem emitem sua própria luz. Por isso, dispensam a retroiluminação usada em telas de LCD inorgânico. 

Sem retroiluminação, as telas OLED são mais finas e mais leves que as de LCD convencionais. Além disso, produzem imagens com maior taxa de contraste, o que se traduz em melhor qualidade visual. No entanto, embora a produção de telas OLED possa se tornar barata no futuro, elas ainda são muito caras quando fabricadas em tamanhos maiores. Por isso, quase não há televisores e computadores com tela OLED.

Isso explicaria a opção da Foxconn pela produção de telas LCD/LED no Brasil. Mas a empresa pode ter outros motivos para não ter pressa de iniciar a fabricação no país. Com a crise na Europa e a desaceleração da economia no Brasil e em outros países, a Foxconn pode simplesmente ter concluído que este não é o momento mais apropriado para construir mais uma fábrica. Segundo a Folha, o governo brasileiro continua negociando com a empresa para tentar resolver o impasse.

A Foxconn já tem uma fábrica em Jundiaí, no interior de São Paulo, onde monta produtos para vários fabricantes. Entre eles, está a Apple, para quem a Foxconn fabrica o iPhone 4S e o novo iPad. Embora a localização da fábrica de telas de cristal líquido não tenha sido oficialmente divulgada, chegou-se a noticiar que ela seria construída na região de Belo Horizonte e que Eike Batista seria sócio do empreendimento.

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