firefox (flod / Flickr)
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2014 às 11h17.
Se hoje existem pelo menos três bons browsers para escolher na hora de acessar a internet, no distante ano de 2004 a realidade era bem diferente. O Internet Explorer reinava soberano, e muito por ser praticamente a única alternativa disponível para navegar e por já vir instalado em PCs. Mas em novembro daquele mesmo ano, o cenário começou a mudar graças à entrada de um concorrente que completa uma década de existência nesta semana. "O que o Firefox fez foi introduzir a competição e a escolha ao mercado", disse Gavin Sharp, gerente sênior de engenharia da Mozilla, em entrevista exclusiva a INFO.
O engenheiro colabora com o projeto desde o início, e acredita que o lançamento da versão 1.0 do programa foi um primeiro passo rumo à web atual infinitamente mais poderosa do que era há dez anos, segundo ele. Há muita competição entre os browsers hoje, com cada vez mais gente investindo para fazer a internet avançar, contou. E estamos orgulhosos do impacto que tivemos.
Esse impacto tem relação com a comunidade que se formou em torno do projeto, da qual Sharp e Chad Weiner, diretor de produtos da fundação que também conversou com INFO, também fazem parte da comunidade. O grupo não foi responsável apenas por fazer um navegador os desenvolvedores também avançaram na padronização da web e até colaboraram, mesmo que indiretamente, para o progresso de outros navegadores. E a ideia, ao menos nos casos de Sharp e Weiner, é continuar esse trabalho e fazer com que o navegador siga impactando positivamente a internet nos próximos dez anos.
Briga de browsers e o histórico de contribuições De 2004 para cá, o Firefox conquistou uma parcela significativa de mercado, mas sem nunca conseguir alcançar a liderança na disputa com os ditos concorrentes. O IE, que ainda vem embarcado em PCs, chega a ser ultrapassado em alguns rankings pelo programa da Mozilla, mas o projeto em que Sharp está envolvido hoje ainda perde a liderança para um rival ainda mais forte: o Chrome, que cresceu apoiado pelo Google, outro gigante, mas tem base em uma iniciativa também de código aberto.
Esse eterno segundo lugar, no entanto, não parece incomodar os responsáveis pelo browser da raposa ou panda vermelho, se preferir. Pelo contrário, como já deram a entender: independente da posição ocupada no mercado, Sharp e Weiner ressaltaram durante a conversa as contribuições que o navegador e a comunidade criada em torno dele trouxeram à internet. Quando desenvolvemos algo para o Firefox, fazemos tudo baseado em padrões, o que também beneficia outros navegadores, disse o engenheiro. Assim, desenvolvedores de outros browsers podem construir recursos que funcionam entre todos os dispositivos.
Exemplos dessa interoperabilidade não faltam. Em atualizações do ano passado, por exemplo, Firefox e Chrome ganharam suporte ao padrão WebRTC, que passou a permitir que usuários de ambos se comunicassem com ferramentas de chat em vídeo. Por causa do browser, a Mozilla também foi uma das primeiras a contribuir com o crescimento, desenvolvimento e estabelecimento do padrão HTML5.
A fundação ainda teve papel primordial mesmo no uso do JavaScript e de outras tecnologias relacionadas a gráficos (como WebGL) nos navegadores, estimulando a visão da web como uma plataforma. Há dez anos, se alguém dissesse que queria criar um game 3D e rodá-lo em uma página na web, as pessoas só dariam risada, disse Sharp. Mas hoje, algumas demonstrações que já fizemos servem para provar do que somos capazes.
Os planos para o futuro Para celebrar os dez anos de existência do Firefox, Sharp e Weiner contaram ter refletido muito sobre as diferenças da web de 2004 para a web de 2014. Perceberam algo até óbvio: a inovação está cada vez mais presente na rede. Mas também notaram que, apesar dos avanços, há alguns desafios novos pela frente. Com isso em vista, eles precisaram se perguntar também como poderiam influenciar e causar um impacto positivo similar ao que já provocaram na vida das pessoas com o lançamento do navegador, segundo Sharp.
Metade da resposta veio com os recursos e ferramentas novos anunciados pela Mozilla nesta segunda-feira, e que você confere na galeria abaixo. Dois são focados em privacidade, um nos desenvolvedores e outros dois no usuário, que Sharp insistiu em dizer que é sempre colocado em primeiro lugar. Mas a outra metade envolve basicamente continuar o que já está sendo feito, mantendo o projeto aberto. Isso nos dá vantagens enormes, permitindo que trabalhemos com outras pessoas, seja criando padrões ou colaborando com outros desenvolvedores de browsers, disse Sharp. Afinal, para conseguir levar a web para frente, não podemos fazer tudo sozinhos.
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