O Financial Times vem colecionando bons resultados com seu aplicativo baseado na web (Reprodução)
Maurício Grego
Publicado em 28 de fevereiro de 2012 às 19h31.
São Paulo — O jornal britânico Financial Times recebeu, durante o Mobile World Congress, em Barcelona, o prêmio de Melhor Inovação em Tecnologias Móveis para Publicações. O prêmio assinala uma estratégia vencedora. O jornal abandonou a App Store, da Apple, em junho de 2011, e passou a oferecer sua versão digital para iPhone e iPad por meio de um aplicativo na web. Oito meses depois, o resultado é animador.
O balanço de 2011 do grupo Pearson, ao qual pertence o Financial Times, divulgado nesta semana, revela números interessantes. A quantidade de assinaturas da versão digital aumentou 29% no último ano, chegando a 267 mil, 45% do total de assinantes. Nos Estados Unidos, a edição digital já tem mais assinantes que o jornal impresso.
A circulação combinada das edições em papel e digital atingiu 600 mil exemplares, a maior em toda a história do diário londrino. E esse crescimento da base de assinantes se reflete nos resultados financeiros. A receita do jornal cresceu 7% e, o lucro operacional, 17%.
Outro detalhe é que o Financial Times obteve, em 2011, 58% da sua receita por meio da venda do conteúdo. Os outros 42% correspondem à publicidade. A parcela referente ao conteúdo tem crescido nos últimos anos. Em 2007, era 41%. São resultados que contrariam a crença, bastante difundida, de que, com a popularização da internet, o único modelo possível é distribuir o conteúdo de graça e lucrar com a publicidade.
O aplicativo do Financial Times na web é baseado na tecnologia HTML 5. Com ele, o jornal passou a administrar diretamente a base de assinantes em iPhone e iPad. Na App Store, quem administra os usuários é a Apple, que também cuida dos pagamentos e fica com 30% do valor das vendas.
Em Barcelona, Rob Grimshaw, diretor do jornal, comemorou o prêmio: “Estamos maravilhados com sucesso do FT Web App, que foi adotado com entusiasmo pelos leitores e pela comunidade global de usuários móveis”. O aplicativo, o primeiro desse tipo a ganhar visibilidade, também apontou o caminho para outras editoras e livrarias.
A Amazon, por exemplo, já tem um aplicativo para livros na web, o Kindle Cloud Reader. É uma opção adicional oferecida pela empresa, além do app para iOS, que continua disponível na App Store e é bastante popular. A tecnologia HTML 5 permite que as publicações sejam salvas localmente no computador ou tablet. Assim, elas podem ser lidas depois, mesmo que não haja acesso à internet.