Acesso aos aeroportos pode mudar: tecnologias de biometria podem ser suficiente para registrar a chegada e saída de viajantes (Imagem criada pela ferramenta de IA Flux/Freepik)
Redação Exame
Publicado em 28 de dezembro de 2024 às 20h06.
Última atualização em 28 de dezembro de 2024 às 20h10.
Em poucos anos, independentemente para onde você viaje, é provável que o passaporte físico se torne uma coisa dispensável. A substituição gradual do documento em papel por tecnologias digitais, como reconhecimento facial e aplicativos de identidade, já está em curso em diversos países e se mostra um caminho sem volta ao garantir mais segurança e comodidade.
Considere que, desde sua introdução após a Primeira Guerra Mundial, os passaportes evoluíram lentamente. E permaneceram muito parecidos com sua concepção até 2006, quando começaram a ter chips NFC, conhecidos como "e-Passaportes", permitindo sua leitura por computadores e scanners. Agora, governos e empresas aéreas ao redor do mundo estão testando sistemas que eliminam completamente a necessidade de se ter algo uma identidade física.
A ideia é que informações do passaporte sejam armazenadas digitalmente, muitas vezes vinculadas a um celular. No aeroporto, câmeras de reconhecimento facial verificam a identidade do viajante com base na foto oficial do passaporte. Na imigração, é um software quem diz se aquele viajante é bem-vindo ao país.
Em lugares como Finlândia, Canadá, Cingapura e Emirados Árabes Unidos, sistemas de viagens sem passaporte já estão em fase de testes ou sendo implementados. Em Cingapura, por exemplo, mais de 1,5 milhão de pessoas já usaram sistemas de reconhecimento facial para viajar sem mostrar passaportes. Segundo autoridades, isso acelera o processo no aeroporto e melhora a experiência do passageiro.
Embora o fim das filas nos aeroportos seja um atrativo para muitos, o uso de sistemas de reconhecimento facial levanta preocupações sobre privacidade e segurança. Especialistas alertam para os riscos de vazamentos de dados, erros nos sistemas e aumento da vigilância.
Além disso, cada país adota padrões diferentes para o uso de dados. Enquanto nações como Alemanha possuem regulamentos rígidos para proteger informações pessoais, outras oferecem menos garantias aos usuários.
Na Índia, o sistema de embarque Digi Yatra, baseado em reconhecimento facial, foi amplamente criticado. O programa, que começou como voluntário, é agora quase obrigatório em 24 aeroportos do país, e há planos para expandi-lo a hotéis e pontos turísticos.
Além disso, tecnologias como o Digi Yatra estão sendo integradas a outros aspectos da vida cotidiana. Em breve, o rosto dos cidadãos poderá ser usado para abrir portas de quartos de hotel ou acessar monumentos históricos.
Embora as novas tecnologias prometam mais agilidade, a transição para sistemas digitais traz desafios significativos. Questões como "fraude por semelhança", falhas técnicas e exclusão de viajantes sem acesso a smartphones ainda precisam ser resolvidas.
À medida que mais países adotam essas tecnologias, será crucial encontrar um equilíbrio entre eficiência, privacidade e inclusão. O passaporte físico pode estar com os dias contados, mas sua substituição exige que os sistemas digitais sejam projetados com segurança, clareza e responsabilidade.
Afinal, entregar nossos dados para uma viagem mais rápida deve vir acompanhado da garantia de que eles estarão protegidos.