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Fim da era Bezos? Bilionário deixa nesta segunda o comando da Amazon

Executivo disse que irá focar em suas "outras paixões". No final do mês, ele viaja ao espaço junto de seu irmão, em foguete de outra empresa sua, a Blue Origin

Tchau, Bezos: executivo deixa comando da gigante que fundou há 27 anos (SAJJAD HUSSAIN/AFP/Getty Images)

Tchau, Bezos: executivo deixa comando da gigante que fundou há 27 anos (SAJJAD HUSSAIN/AFP/Getty Images)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 5 de julho de 2021 às 06h00.

Última atualização em 5 de julho de 2021 às 13h39.

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O bilionário Jeff Bezos passa o bastão. Nesta segunda-feira, 5, o executivo que fundou a Amazon — há exatos 27 anos em 5 de julho em 1994 — deixará o posto de CEO para Andy Jassy, um executivo que está na empresa desde 1997 e foi um dos responsáveis pela construção da Amazon Web Services, subsidiária que coordena os esforços de computação em nuvem da empresa e uma de suas áreas mais estruturadas e lucrativas.

Bezos anunciou no início de fevereiro que deixaria o topo da empresa. De lá para cá, o bilionário tomou atitudes finais na cadeira de CEO: conseguiu barrar a luta por sindicalização em um centro de distribuição no Alabama e tentou remodelar a política de tratamento de funcionários da Amazon.

Com a empresa acusada de controlar até mesmo idas ao banheiro, Bezos afirmou em sua última carta a investidores que a empresa precisava cuidar mais dos funcionários: no texto, o fundador afirma que a empresa, sempre focada em prover o melhor serviço aos consumidores, precisa ter esse cuidado também com seus funcionários.

Além disso, a Amazon adicionou duas novas "cláusulas" ao conjunto de 14 princípios de liderança que regem a companhia: "lutar para ser o melhor empregador do planeta", e "sucesso e escala trazem grandes responsabilidades".

As adições refletem bem o momento que a empresa vive. A Amazon é hoje uma das maiores empregadoras do planeta, com 1,3 milhão de funcionários. Em 2020, a empresa contratou mais de 400.000 pessoas para lidar com o aumento da demanda por compras online, impulsionadas por conta do distanciamento e da pandemia. Em diversos países — como nos EUA e no Brasil — o percentual de compras no varejo cresceu muito acima do esperado no ano passado. Isso colocou a companhia sob os holofotes de reguladores e de críticos.

Além do crescimento em seu negócio principal, a Amazon voa em outras searas: a área de computação em nuvem continua sendo um negócio pujante, a empresa acaba de comprar os estúdios MGM para reforçar seu portfólio de criação de conteúdo, filmes e séries. Supermercados tecnológicos, com compras auxiliadas pelos dados da empresa começam a funcionar nos EUA, dando um panorama do que vem por aí. A Amazon também começa a se posicionar como uma das grandes empresas no mercado de publicidade digital, vendendo anúncios nas buscas de seu site. Esse capítulo futuro caberá a Jassy lidar: o novo CEO é um líder que aprendeu e trabalhou junto do fundador durante anos, mas não começou a companhia. Muitos descrevem Jassy como um executivo mais aberto e mais fácil de abordar do que Bezos e isso deve auxiliá-lo no novo desafio.

Ao fundador, caberá uma cadeira no conselho de administração da Amazon e foco em suas outras apostas e aventuras. Bezos, que recentemente driblou a cobertura de um divórcio e um caso extraconjugal, tem sido uma pessoa de ainda mais visibilidade. Um iate milionário de 127 metros aguarda por ele, bem como uma ida ao espaço no final do mês, que fará em conjunto de seu irmão, a bordo de um foguete projetado pela Blue Origin, outra de suas empresas.

Bezos afirmou em seu comunicado de saída que acredita que a Amazon está em sua fase mais inovadora e que está animado com a transição e que ele próprio não pensa em aposentadoria. "Terei o tempo e energia que preciso para focar no Fundo Dia 1, o Fundo Bezos pela Terra, a Blue Origin e o The Washington Post, e minhas outras paixões. Nunca tive tanta energia, e isto não é sobre aposentadoria. Eu estou super apaixonado pelo impacto que acredito que estas organizações podem ter", disse em fevereiro. Bezos deve continuar sob os holofotes através justamente dessas "outras paixões".

Quanto à Amazon, embora a empresa esteja constantemente em transformação, sobram desafios: a companhia é hoje uma das que mais está sob a mira de reguladores e sob a demanda de emitir menos poluentes. Sobram desafios à frente da empresa e de seu fundador, ainda que ele não esteja mais na cadeira de CEO.

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