A base de dados do novo sistema abrange 30 anos de experiência e reflete os principais pontos do planeta afetados pela falta de água (Arquivo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2015 às 14h30.
Roma - A Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) apresentou nesta quarta-feira um novo sistema que permite detectar desde o espaço as zonas agrícolas que têm uma alta probabilidade de sofrer com a seca em nível global.
O responsável de Recursos Naturais da FAO Óscar Rojas explicou que o chamado Sistema de Índice de Estresse em Agricultura (ASIS, segundo sua sigla em inglês) apresenta um mapa da situação no mundo a cada dez dias usando dados de satélites da vegetação e da temperatura na superfície da terra a partir de um sensor que tem um quilômetro de resolução.
A base de dados do novo sistema, desenvolvido com ajuda da União Europeia, abrange 30 anos de experiência e reflete os principais pontos do planeta afetados pela falta de água desde que em 1984 a zona do Sahel, no norte da África, sofreu com uma grande seca.
Nessa série temporal, 1989 foi o ano onde a seca afetou uma maior extensão de terra destinada à agricultura no mundo, enquanto durante o período de cultivo entre 2013 e 2014 os lugares mais afetados ocorreram na Nicarágua, Colômbia e Venezuela, segundo a FAO.
Rojas destacou que, para a análise, o momento mais interessante para a agricultura é aquele que vai desde o início até o final da estação dedicada ao cultivo da terra.
Além de dispor dos dados por satélite, Rojas assegurou que é necessário conhecer a situação particular de cada país e usou como exemplo a Síria, onde a guerra, entre outros fatores, pode alterar o mapa da seca.
Para assegurar que a informação deste fenômeno não está falsificada por fatores externos, os especialistas deverão verificá-la com dados complementares entrando em contato com as autoridades dos países afetados e controlando os preços das matérias-primas.
A seca, entendida como uma combinação de uma baixa atividade das plantas e temperaturas altas anormais, tem um impacto negativo sobre a produção dos alimentos e nos últimos 20 anos aumentou em frequência e intensidade como resultado da mudança climática.
Nesse sentido, dita agência da ONU insiste que dispor de informação sobre a situação dos cultivos de alimentos no mundo todo é essencial para diminuir o impacto da seca na agricultura.