Tecnologia

Falta de ferro deixa um terço dos oceanos com anemia

O ferro, presente no pó atmosférico, atua como um fertilizante natural dos oceanos e é importante para o crescimento do fitoplâncton


	Oceanos: "Os oceanos não estão em condições ótimas no que se refere ao crescimento do fitoplâcton e algumas partes estão desérticas"
 (Getty Images)

Oceanos: "Os oceanos não estão em condições ótimas no que se refere ao crescimento do fitoplâcton e algumas partes estão desérticas" (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2016 às 08h55.

Sydney - Um terço dos oceanos está anêmico, especialmente ao redor da Antártida, devido à falta de nutrientes como o ferro, o que gera a presença de grandes porções de "desertos" marítimos.

O ferro, presente no pó atmosférico, atua como um fertilizante natural dos oceanos e é importante para o crescimento do fitoplâncton, que produz grande parte do oxigênio que se respira no planeta.

Além disso, estes organismos microscópicos que se encontram na superfície marinha absorvem o dióxido do carbono, um dos gases que provocam o efeito estufa.

"Os oceanos não estão em condições ótimas no que se refere ao crescimento do fitoplâcton e algumas partes estão desérticas. Isto não significa que não estejam sãos, mas o ecossistema poderia ser mais produtivo e ter mais vida", disse à Agência Efe Andrew Bowie, oceanógrafo químico da Universidade da Tasmânia.

Bowie fez parte de uma equipe que este ano estudou o papel das partículas da atmosfera que são arrastadas da Austrália continental rumo ao mar, a bordo do navio "Investigator" da Organização para a Pesquisa Industrial e Científica da Commonwealth da Austrália (CSIRO).

O trabalho se centrou na análise da presença de micronutrientes como o ferro, além de outros minerais e metais como o cobre, cobalto, níquel, manganês, que vão parar em mares próximos em consequência de incêndios florestais ou outros tipos de emissões.

"Algumas águas do norte da Austrália parecem ter ferro suficiente para o crescimento do fitoplâncton, mas a falta de nutrientes necessários para o crescimento destes microrganismos e a baixa atividade de ferro se reflete na anemia das águas antárticas", declarou Bowie.

"O oceano Antártico está muito longe da Austrália e da América do Sul, é realmente remoto e a principal fonte de ferro tem que ser atmosférica e de partículas de pó. Mas está tão longe que não recebe a quantidade suficiente de ferro e por isso está anêmico", ressaltou.

Uma exceção são as águas que rodeiam a ilha Heard, situada em uma zona sub-antártica cerca de 4 mil quilômetros ao sudoeste de Perth, onde há abundância de ferro que, segundo os cientistas, poderia proceder de vulcões submarinos.

Bowie e sua equipe tentam elaborar um mapa que indique como estes elementos entram no oceano desde o território continental australiano e medir, com instrumentos sofisticados, a presença dos nutrientes no mar, o que o cientista descreve como buscar uma cabeça de alfinete em 200 mil piscinas olímpicas.

A outra face da moeda é que uma pequena variação na quantidade de ferro pode mudar a situação dos oceanos para melhorar rendimento no crescimento do fitoplâncton.

As causas da anemia dos oceanos ainda são desconhecidas para os cientistas, assim como a correlação entre uma alta presença de ferro e a pesca.

Também não se vislumbra com clareza o que poderia ocorrer no longo prazo com a mudança climática, embora uma das hipótese é que poderia mudar a forma como o ferro se arrasta até essa área.

Os especialistas cogitam a possibilidade de que em um cenário de mudança climática, com continentes mais secos e uma maior desertificação, possa ocorrer um aumento de ventos que consigam arrastar ferro até a Antártida e promover o crescimento do fitoplâncton.

"É muito difícil saber como será este processo em longo prazo. Estamos estudando como é transportado desde a Austrália continental e talvez possamos prever como mudaria no futuro", disse Bowie, que espera que os dados de sua pesquisa lhe deem algumas pistas no final do ano. 

Acompanhe tudo sobre:Meio ambienteMinériosOceanos

Mais de Tecnologia

Fabricante do jogo processa SpaceX de Elon Musk e pede US$ 15 milhões

Gigantes das redes sociais lucram com ampla vigilância dos usuários, aponta FTC

Satélites da SpaceX estão causando interferência nos equipamentos de pesquisadores, diz instituto

Desempenho do iPhone 16 chama atenção e consumidores preferem modelo básico em comparação ao Pro