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Facebook diz que bancos centrais não devem temer a moeda digital Libra

Nova moeda, que tem ambição de se tornar global, só será lançada em 2020, mediante aprovação de autoridades

. (Thomas Trutschel/Getty Images)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 22 de setembro de 2019 às 08h55.

Última atualização em 22 de setembro de 2019 às 08h55.

O Facebook voltou a defender a Libra, desta vez contra o receio de que a futura criptomoeda possa substituir moedas soberanas, como o dólar dos EUA e o euro, e ameaçar o controle dos bancos centrais sobre a criação de moedas.

David Marcus, executivo do Facebook que lidera o projeto, postou uma série de tuítes no mesmo dia em que membros da Libra Association se reuniram com reguladores convocados por um grupo de trabalho do G-7 na Suíça. Marcus argumentou que a criação da Libra não é o equivalente digital de imprimir dólares americanos ou cunhar novos euros. A simples existência da Libra, diz, não cria valor.

Os planos para a criptomoeda do Facebook, divulgados em junho, enfrentam forte criticismo de reguladores de todo o mundo. Uma das maiores preocupações é que a nova moeda digital seja usada por contrabandistas, traficantes de drogas e terroristas. Outra é a desconfiança em relação à utilização de informações financeiras confidenciais dos usuários pela gigante de redes sociais, que foi alvo de reguladores no passado sobre o uso de dados. O Facebook tem dito repetidamente que será apenas uma das muitas empresas que irão gestionar a nova moeda.

“Recentemente, tem se falado muito sobre como a Libra poderia ameaçar a soberania das nações quando se trata de dinheiro”, disse Marcus em um tuíte. “A Libra será atrelada em 1:1 por uma cesta de moedas fortes. Isso significa que, para que qualquer unidade da Libra exista, deve haver um valor equivalente em sua reserva”, tuitou. “Como tal, não há criação de dinheiro novo, que continuará sendo estritamente o domínio de nações soberanas.”

A concorrência cambial é outro ponto difícil para reguladores cautelosos.

Em teleconferência após os tuítes de Marcus, Christian Catalini, o principal economista do Facebook do projeto da Libra, não quis comentar se a questão surgiu ou não durante a reunião de segunda-feira. Mas Catalini disse que esse elemento da Libra é um dos muitos pontos “incompreendidos ou que não são interpretados corretamente“.

“Todo o design da Libra é realmente ser um complemento de moeda fiduciária, não um substituto”, disse.

A Libra ainda não existe, e o Facebook prometeu que não será lançada até que os reguladores estejam de acordo. A empresa espera começar a circular a moeda ao longo de 2020.

Na visão de reguladores, ceder o controle da criação de moedas ao Facebook - ou a qualquer empresa privada - despojaria os governos de um de seus maiores ativos: a política monetária. A resposta dos bancos centrais tem variado, desde a participação ativa, como no caso de Cingapura, até a China, que considera criar sua própria moeda digital.

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