Tecnologia

Facebook derruba rede de desinformação sobre vacinas; Brasil era alvo

Rede vinha atuando de forma organizada na Rússia desde novembro de 2020, com intuito de espalhar notícias falsas sobre os imunizantes da AstraZeneca e da Pfizer

Facebook: rede social baniu contas usadas para espalhar desinformação sobre vacinas (Thomas Hodel/Reuters)

Facebook: rede social baniu contas usadas para espalhar desinformação sobre vacinas (Thomas Hodel/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de agosto de 2021 às 17h47.

Última atualização em 10 de agosto de 2021 às 18h00.

O Facebook derrubou de suas plataformas uma rede internacional de desinformação sobre vacinas que vinha atuando de forma organizada na Rússia desde novembro de 2020, com intuito de espalhar notícias falsas sobre os imunizantes da AstraZeneca e da Pfizer em regiões específicas do mundo, entre elas o Brasil. As informações foram reveladas nesta terça-feira, 10, no Relatório de Comportamento Inautêntico Coordenado (CIB, na sigla em inglês), documento publicado mensalmente pela empresa.

Ao todo, foram removidas 65 contas do Facebook e 243 contas do Instagram, todas ligadas à empresa de marketing Fazze, com registro no Reino Unido, mas com operações na Rússia. Segundo o relatório da empresa de tecnologia, o público-alvo da campanha de desinformação orquestrada pela Fazze eram usuários da Índia, do Brasil, de outros países da América Latina e, em menor grau, dos Estados Unidos.

A Fazze foi banida das redes sociais do grupo por violar a política contra interferência estrangeira da plataforma (quando um país tenta manipular o debate público de outra região, por exemplo), algo que, diz o Facebook, se enquadra como "comportamento inautêntico coordenado", que são "esforços coordenados para manipular o debate público para um fim estratégico, onde contas falsas são centrais para a operação".

A campanha de desinformação começou em fóruns populares da internet, como Reddit e Medium, passando para a criação de contas falsas no Facebook e Instagram, onde o conteúdo enganoso seria repercutido nas redes sociais para usuários desavisados. Em seguida, "influenciadores digitais" eram utilizados para amplificar as mentiras, ajudados pela Fazze, que oferecia acesso a essas personalidades com muitos seguidores.

"As operações cada vez mais buscam usar vozes influentes autênticas para transmitir suas mensagens. Por meio delas, as campanhas enganosas ganham acesso ao público-alvo do influenciador, mas isso vem com um risco significativo de exposição", escreve o Facebook no relatório.

De novembro de 2020 a dezembro daquele mesmo ano, as vacinas da AstraZeneca eram alvo dos propagadores de notícias falsas, que diziam que o imunizante transformaria as pessoas em chimpanzés, trazendo imagens do filme Planeta dos Macacos (1968) para supostamente exemplificar o efeito nocivo das doses. Depois de cinco meses de inatividade, explica o Facebook, foi a vez da Pfizer, que supostamente teria maior taxa de mortalidade do que outras vacinas. As hashtags publicadas nas plataformas estavam em hindi, inglês, espanhol e português.

Cerca de 24.000 contas seguiram um ou mais desses perfis de desinformação no Instagram. Para o Facebook, tratou-se de uma operação de notícias falsas de baixo alcance, ou seja, não obteve sucesso, já que gerou pouco engajamento.

Não há informações sobre quem contratou a Fazze para iniciar a campanha de desinformação.

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