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Facebook admite possibilidade de abrir escritório no Brasil

Diretor de crescimento internacional da empresa esteve em São Paulo nesta semana

Javier Olivan, no alto do hotel Unique, em São Paulo (.)

Javier Olivan, no alto do hotel Unique, em São Paulo (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h48.

São Paulo - Javier Olivan é diretor de crescimento internacional do Facebook. Nesta semana, ele esteve no Brasil a fim de estabelecer novas parcerias e fazer contatos com a imprensa. Na empresa desde 2007, Olivan assumiu o posto quando a rede social contava com cerca de 3 milhões de usuários. Hoje, já são mais de 500 milhões.

Nascido na Espanha mas formado em Stanford, nos Estados Unidos, Olivan é jovem e tem porte físico e aparência similares a de seu chefe, Mark Zuckerberg. Na entrevista a seguir, ele fala sobre o ritmo de crescimento do Facebook, sobre o convívio com Zuckerberg e sobre a possibilidade de abertura de um escritório da empresa no Brasil.

Olá, Javier. Pode fazer uma pequena apresentação sua?

Sim, eu comecei há trabalhar no Facebook há três anos, em 2007. Na época, nos éramos relativamente pequenos, com cerca de 3 milhões de usuários baseados principalmente em países de língua inglesa. Fui contratado justamente para tocar esse projeto de expansão, que começou com a tradução do site para outros idiomas.

E como você chegou ao Facebook?

Eu estudava em Stanford e tinha alguns amigos que conheciam Mark Zuckerberg (Zuckerberg é de Harvard). Então, um dia nós fomos apresentados. Antes disso, eu já estava envolvido com start-ups de redes sociais. Nós começamos a conversar e então ele disse "Ok, você pode cuidar destes planos internacionais".

Quantos brasileiros estão no Facebook hoje?

O Brasil é um mercado chave para nós hoje. O país está entre os três que apresentam crescimento mais rápido em todo o mundo no momento, praticamente, dobrando de tamanho a cada de seis meses ou menos. Há um ano atrás, era pouco mais de 1 milhão de brasileiros cadastrados no Facebook. Hoje, já são 6 milhões. Nós estamos bastante excitados com isso.

E existem planos estratégicos exclusivos para o país?

Temos algumas novas novidades que devemos apresentar na próxima semana. Elas devem ser lançadas no Brasil e em mais um ou dois países. Ainda não posso adiantar detalhes porque a função ainda não está finalizada.

Também estamos trabalhando para aumentar a lista de colégios e universidades cadastradas em nosso banco de dados. Dessa forma, a cada vez que um novo usuário fizer o cadastro no site, ele irá encontrar a sua faculdade ou colégio lá, e a partir daí poderá encontrar novos amigos.

Além disso, estamos trabalhando para estabelecer novas parcerias. Como as pessoas podem notar, o Facebook tem deixado de ser um site .com para se tornar uma plataforma na web. Dessa forma, estamos focados em estabelecer parcerias com grandes veículos do Brasil, como UOL, Terra, Veja etc., para que eles incorporem nossos plug-ins em suas páginas e ampliem a experiência social.

No mês passado, o Facebook superou o Orkut em número de usuários na Índia. O que isso significa?

Muitas pessoas têm me perguntado isso recentemente. Nós ainda não temos esse número oficialmente, apenas baseado em dados de consultorias. O que posso dizer é que nós somos concorrentes, mas não somos competidores. Estamos focados em nosso produto e em torná-lo o melhor possível para todos os usuários. Se você tem um produto legal, as pessoas vêm e o usam. Alguns de nossos novos projetos devem ser lançados também na Índia.

Você acredita que experiência indiana pode ser repetida no Brasil?

Não tenho dúvidas que sim. Se analisarmos o padrão de crescimento do Brasil que dobra e se multiplica, devemos continuar a crescer exponencialmente por aqui. Facebook e Orkut não possuem a mesma funcionalidade, é algo diferenciado. Se as pessoas provam e gostam, elas recomendam para outros amigos. Posso citar o sistema de feeds do Facebook como exemplo. Hoje, ele é bastante comum, mas se você olhar para 2006, somente pessoas familiarizadas com tecnologia podiam compreender e gostar daquilo. Acredito que nós podemos desenvolver novos mecanismos de comunicação tão eficientes como esse.

Como o Places, por exemplo? Quando ele deve chegar ao Brasil?

Ainda não posso afirmar, mas assim que tivermos o serviço funcionando bem, com as opções de privacidade ajustadas de acordo com as preferências dos usuários, além de acertarmos as parceiras locais de infraestrutura, acredito que possamos lançar. Mas mantemos a cautela, por enquanto. (continua)


Rumores de uma nova rede social do Google, a Google Me, deixam o Facebook em estado de alerta?

Por enquanto, o que temos são apenas rumores, porque o Google não se pronunciou oficialmente. Nós continuamos a fazer nosso trabalho. Você pode apenas se preocupar com as coisas as quais você controla. Não devemos nos preocupar com coisas que estão sob controle de outros.

Mas a rotina do Facebook mudou nas últimas semanas ou não? Rumores apontam que a empresa vem trabalhando em sistema de lockdown. Isso é verdade?

Honestamente, nós sempre trabalhamos dessa forma [risos]. Para mim, nada mudou. Eu ainda estou trabalhando após o horário e aos fins de semana. Nós temos diversos produtos em desenvolvimento e que precisam ser finalizados para serem lançados, como o Places, que vinha sendo desenvolvido há um bom tempo. Portanto, estamos trabalhando para finalizá-los a fim de colocá-los no mercado o quanto antes.

Como é trabalhar com Mark Zuckerberg?

Tenho trabalhado com Mark há um bom tempo, especialmente em visitas internacionais pela Europa e para outros lugares [Olivan acompanhou Zuckerberg no Brasil durante visita ao país no ano passado]. Quem está de fora pode acreditar que todo esse sucesso acontece devido à oportunidade, mas eu acredito que ele realmente tem uma visão limpa e direta sobre aquilo que deseja para o Facebook. Diversos recursos que ele tinha em mente há alguns anos atrás são realidade no site hoje, como a atualização dos feeds, por exemplo. Ele tem apenas 26 anos e já criou tudo isso. Portanto, é um cara que impressiona.

Ele controla tudo dentro do Facebook?

Ele é muito envolvido e gosta de acompanhar o desenvolvimento de novos produtos e opinar. Mas em uma empresa do nosso tamanho é impossível controlar todos os setores. Então existem engenheiros e gerentes responsáveis pelas diferentes áreas, como em qualquer outra grande empresa.

Você acredita que ele pode se tornar tão grande quanto Larry Page, Sergey Brin ou até Bill Gates?

Eu espero. Mas no momento, ele está mais focado em aumentar a experiência social que as pessoas podem ter ao acessar a ferramenta do que em suas possibilidades monetárias.

O Facebook tem planos para abrir um escritório no Brasil em breve?

Não há nada que eu possa anunciar para você hoje, mas, se você olhar para outros países... Por exemplo, nós temos escritórios em Londres, Paris, Estocolmo, Madrid, Hamburgo e diversas outras partes do mundo. Nós abrimos um escritório assim que atingimos um número suficiente de usuários no país para despertar o interesse dos anunciantes locais. Portanto, é um escritório comercial. A única exceção é no Japão, onde mantemos uma central de engenharia. Os japoneses acessam muito a rede por meio de smartphones configurados para padrões locais. Então, nós mantemos uma equipe lá responsável por fazer esses ajustes.

Mas existe um número preciso de usuários necessários para se abrir um escritório em um país?

É uma combinação de penetração com outros fatores. Geralmente, nós esperamos atingir entre 20% e 30% da população online local para abrir um escritório. A partir daí se torna interessante para as marcas criarem campanhas para o site. No momento, nós temos uma agência negociando publicidade com as agências locais. Se o crescimento continuar nesse ritmo, acredito que devemos abrir um escritório por aqui, mas não é possível estipular um prazo.

Para finalizar, eu gostaria de saber se você assistiu ao trailer de "The Social Network", o filme que vai narrar a história do Facebook? O que achou?

Sim, eu vi. Bem, você sabe, quando Hollywood faz um filme sobre qualquer coisa, eu acho que eles perdem um pouco da conexão com a realidade a fim de levar as pessoas ao cinema. De qualquer forma, é só um filme.

Mark viu?

Eu não sei. Provavelmente, sim, acredito eu [risos].

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