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Existe o risco de um apagão na internet?

Para especialista norte-americano Andrew Odlyzko, infra-estrutura de hoje não suportará o tráfego crescente de vídeos, músicas e dados, mas migração gradual ajudará a evitar sobrecarga

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2009 às 14h50.

O tráfego internacional de internet tem dobrado a cada dois anos, em virtude especialmente de vídeos, músicas e aplicações pesadas que circulam cada vez mais nas redes. Para Andrew Odlyzko, especialista da Universide de Minnesota, nos Estados Unidos, a transição gradual dos conteúdos de TV para o computador não causará problemas de infra-estrutura, mas a eventual redução de investimentos das operadoras nas redes - em virtude da crise - poderá comprometer o desempenho. Veja os principais trechos da entrevista:

A maioria dos analistas afirma que as redes de hoje não estão nem um pouco preparadas para lidar com o crescimento constante do tráfego na internet. O senhor concorda com isso?

Hoje elas não estão preparadas, mas tudo depende de quanto crescer efetivamente a taxa de tráfego da internet. Logo que comecei a medir o tráfego na internet, em 1997, havia preocupações de que as aplicações de voz sobre IP poderiam levar a internet ao colapso. E realmente, se a toda a telefonia convencional tivesse migrado repentinamente para VoIP, a internet teria mesmo quebrado. Em vez disso, porém, a transição foi gradual, ao ponto de hoje a maior parte das chamadas de longa distância serem veitas por VoIP. Ainda assim, elas correspondem a uma pequena fração do tráfego total da internet. Da mesma forma, existem preocupações sobre a migração dos programas de TV para a internet, criando gargalos. Realmente, se todos os vídeos migrassem rapidamente para da TV para rede, teríamos um problema. Basicamente, posso dizer que a transição está acontecendo em uma velocidade bastante razoável e pode o tráfego pode ser gerenciado com medidas normais para expansão da rede.

Os serviços de vídeo online e de software fornecido pela internet popularizaram-se em 2008. Essas são duas tendências que podem congestionar a internet?

Talvez, mas eu sou cético. Eu não vejo nenhum aumento repentino de tráfego. Existe crescimento sim, crescimento vigoroso, mas acredito que a evolução da tecnologia poderá contribuir sem existir nenhum colapso.

Qual é a taxa de crescimento do tráfego da internet atualmente?

A taxa atual está entre 50% e 60% ao ano na maior parte do mundo. Nos países emergentes como Brasil e China essa taxa tende a ser um pouco maior. Em nações mais maduras em internet, esse total não passa de 50% ao ano. Essas taxas já foram maiores tempos atrás. Há cerca de seis anos, a taxa ficava em torno de 100% nos Estados Unidos, por exemplo. A razão para o declínio é difícil de explicar. É o resultado de vários fatores, desde os investimentos feitos pelos provedores de serviços até a cultura do país.

Alguns analistas dizem que o ritmo de investimentos em infra-estrutura de internet por parte das empresas telefônicas poderá diminuir com a crise e causar gargalos. Isso é possível?

Sim é bem possível. A crise financeira é bastante séria e muitas medidas drásticas vão ser tomadas, como o corte de investimentos. Por outro lado, a crise pode ter outros impactos. Com o investimento dos governos em programas públicos, talvez a internet pode ser beneficiada, já que esses mesmos governos poderão perceber quão importante é a rede. Iniciativas de financiamento de novas conexões poderão evitar gargalos.

Recentemente o Google anunciou que está discutindo com provedores de acesso a criação de uma via expressa para seu conteúdo. A maior empresa de internet do mundo já teme que a estrutura existente não suporte o crescimento de tráfego?

Talvez, mas a explicação mais provável é que o Google está tentando mitigar um gargalo que nenhum ser humano pode superar, que é a velocidade da luz. Eles sabem que seus serviços podem causar impaciência nos usuários com o aumento da complexidade das interações na internet. Então, eles estão tentando colocar servidores dentro das operadoras para garantir o desempenho de seus serviços, não importa quão congestionada está a rede. Vamos observar no futuro como essas iniciativas se comportam.

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