Tecnologia

Falamos com a diretora da Bluesky sobre o futuro da rede social no Brasil

A executiva Rose Wang tem pela frente o desafio de abrigar uma comunidade de brasileiros que desembarcou na rede social após o bloqueio do X no país. Na lista de novidades para agradar os recém-chegados, estão a inclusão de vídeos na plataforma e uma lista de assuntos virais

Rose Wang, COO da Bluesky: usuários terão papel importante na moderação de conteúdo (Divulgação)

Rose Wang, COO da Bluesky: usuários terão papel importante na moderação de conteúdo (Divulgação)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 3 de setembro de 2024 às 17h04.

Última atualização em 5 de setembro de 2024 às 14h17.

A decisão de Alexandre de Moraes de bloquear o X, rede social que pertence a Elon Musk, no Brasil desencadeou uma migração digital em massa de brasileiros para outros serviços. Em meio a esse cenário, a Bluesky, uma plataforma emergente, criada pelo fundador do Twitter, viu sua base de usuários crescer de forma explosiva, ganhando 2,8 milhões de novos perfis em menos de uma semana, superando Threads, da Meta, em downloads.

Em entrevista à EXAME, Rose Wang, COO da Bluesky, descreveu o desembarque verde e amarelo como surpreendente -  atualmente, 85% da base é brasileira - e reforçou o interesse da empresa em acolher essa nova comunidade e garantir a sua longevidade dentro da plataforma. “Estamos muito animados por tê-los aqui e prontos para entregar novas funcionalidades, como vídeos e trending topics,” afirma Wang.

Além de adicionar novos recursos, a Bluesky também focará em manter um ambiente seguro e colaborativo, especialmente em tempos politicamente complexos. Wang ressaltou que a plataforma está comprometida com a moderação de conteúdo sem comprometer a liberdade de expressão, utilizando um sistema em que os próprios usuários podem ajudar a moderar o ambiente, garantindo a integridade das informações.

Enquanto a Bluesky se adapta rapidamente às novas demandas, a empresa também busca garantir a conformidade regulatória no Brasil, mantendo diálogo com especialistas jurídicos locais. Wang enfatiza a importância de um relacionamento próximo com a comunidade brasileira e o desejo de transformar essa conexão em um diferencial da plataforma. “Queremos garantir que a experiência dos brasileiros aqui seja excepcional”, disse. Confira a entrevista completa abaixo:

A Bluesky tem planos específicos para expandir sua base de usuários no Brasil, considerando a forte adoção inicial por brasileiros na plataforma?

Na última semana, mais de 2 milhões de novos usuários se juntaram à Bluesky. Estamos muito animados por tê-los aqui. Sabemos que muitos brasileiros têm pedido recursos como vídeo e trending topics. Na próxima grande atualização do aplicativo, o vídeo estará disponível. Também estamos trabalhando para traduzir muitos dos nossos documentos para o português para tornar a Bluesky mais fácil de usar para os usuários brasileiros.

E como manter um relacionamento próximo e colaborativo à medida que a plataforma cresce e ganha mais popularidade no país?

A comunidade brasileira foi um dos primeiros grupos a se juntar à Bluesky no início. Naquela época, o aplicativo era pequeno e unido o suficiente para que vários membros da equipe da Bluesky conhecessem muitos usuários brasileiros apenas por meio do aplicativo em si. Valorizamos ter essa linha de comunicação direta e continuamos a ficar de olho no feedback para entendermos qual é a experiência brasileira na Bluesky. Estamos extremamente abertos ao feedback e queremos garantir que a comunidade se divirta.

A Bluesky está planejando estabelecer uma presença oficial no Brasil para cumprir com os requisitos regulatórios locais, especialmente à luz dos desafios enfrentados por outras redes sociais como o X?

Estamos comprometidos em melhorar a experiência do usuário e estamos em contato com nossa equipe jurídica para garantir que nossas operações cumpram totalmente a lei brasileira. Estamos ativamente em contato com advogados nos EUA e no Brasil para garantir que mantenhamos a conformidade.

Como a Bluesky pretende equilibrar a moderação de conteúdo com a liberdade de expressão, especialmente em contextos politicamente complexos como o Brasil?

Confiança e segurança são essenciais para a Bluesky. Nossa equipe de moderação fornece cobertura 24 horas por dia, 7 dias por semana e responde à maioria dos relatórios em um dia. Além da forte base de moderação da Bluesky, os usuários podem optar por seguir decisões de outras organizações ou especialistas em que confiam. Um exemplo disso seria uma indicação feita pela comunidade em que se inscreveram, mostrando que determinada arte foi gerada por IA. Como resultado, a empresa não é a única tomadora de decisões neste espaço, permitindo que os usuários contribuam e participem. O Head de Confiança e Segurança da Bluesky Aaron Rodericks, que liderou os esforços de integridade eleitoral no Twitter, explica que os usuários podem denunciar qualquer conteúdo ou conta por desinformação, como nas eleições. No caso de violações graves, como risco para locais de votação ou autoridades eleitorais, podemos remover conteúdo ou contas. Na maioria dos casos, revisamos as alegações contra fontes confiáveis e verificadores de fatos, e podemos rotular postagens como desinformação.

Há uma intenção de compensar os criadores de conteúdo no futuro? Você poderia compartilhar mais detalhes sobre como isso funcionará e quando podemos esperar que esse recurso seja lançado?

Neste momento, este recurso não está em desenvolvimento, pois estamos priorizando vídeos e trending topics. Dito isso, a Bluesky é uma plataforma colaborativa, onde todos podem participar da criação da experiência online que cada um deseja.

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