Tecnologia

Ex-astronauta fica rico com seu sistema operacional Ubuntu

Software agora pode dominar os dispositivos de internet das coisas

 (Canonical Group/Divulgação)

(Canonical Group/Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 12 de dezembro de 2017 às 16h47.

Ele é mais conhecido por ser o primeiro “afronauta” do mundo, mas desde que voltou à Terra da viagem no foguete espacial russo Soyuz TM-34 em 2002, Mark Shuttleworth, natural da Cidade do Cabo, na África do Sul, começou a conquistar um universo muito mais lucrativo: a internet das coisas.

Shuttleworth criou o Ubuntu, um sistema operativo Linux de código aberto que ajuda a conectar tudo, de drones a termostatos, à internet. Sua empresa, a Canonical Group, tem cerca de 800 clientes, entre eles Netflix, Tesla e Deutsche Telekom, que pagam por serviços de suporte. O sucesso da empresa ajudou a aumentar sua riqueza líquida para US$ 1 bilhão, segundo o Índice de Bilionários da Bloomberg.

“É destrutivo ficar focado demais nisso”, disse Shuttleworth ao mencionar sua fortuna em entrevista no escritório da Bloomberg em Boston. “É algo que distrai a concentração da pergunta de se você pode prever o que virá no futuro.”

Crescimento

O próximo passo para o magnata de 44 anos é garantir que o Ubuntu seja a linguagem de base da internet das coisas, onde dispositivos finais como televisores e carros têm sua própria programação e conectividade à nuvem. A Canonical estima até 3 milhões de downloads de seu software e 50 milhões de atualizações de segurança por dia, mas como o Ubuntu é grátis e não necessita de cadastramento, a empresa não sabe ao certo quantos dispositivos rodam nele atualmente.

A Red Hat é o maior fornecedor de Linux e o Ubuntu “é segundo por pouca diferença”, disse Mandeep Singh, analista de software de infraestrutura da Bloomberg Intelligence. “Amazon, Google e quase todas as grandes empresas de tecnologia que desenvolveram serviços em nuvem usam o Ubuntu ou algum outro provedor de código aberto.”

A Canonical anunciou uma receita de US$ 92 milhões em 2016, um aumento de 61 por cento em relação ao ano anterior, de acordo com a Gartner Group, uma empresa de pesquisa sobre tecnologia. Shuttleworth preferiu não confirmar esses números.

Durante anos a empresa usou o Linux para fornecer todo tipo de aplicativos, entre eles tentativas de substituir sistemas operativos de computadores e celulares. Neste ano, Shuttleworth cancelou essas iniciativas e agora seus 500 funcionários estão dedicados ao suporte e expansão da base de clientes da Canonical que paga para usar o Ubuntu. Quase todos os funcionários trabalham de forma remota, em mais de 400 cidades. As equipes se reúnem pessoalmente uma vez por trimestre e, se for necessário, os funcionários se encontram no local do cliente.

Shuttleworth, que ainda é o único dono da empresa, disse que quer fazer uma abertura de capital dentro de cinco anos.

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