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EUA não descartam uso de drones e aliança com Irã no Iraque

EUA estão considerando efetuar ataques com drones para conter ofensiva lançada pelos jihadistas no Iraque, além de estarem dispostos a fazer acordo com Irã


	John Kerry: EUA estão profundamente ligados à integridade territorial do Iraque, diz Kerry
 (Jacquelyn Martin/AFP)

John Kerry: EUA estão profundamente ligados à integridade territorial do Iraque, diz Kerry (Jacquelyn Martin/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2014 às 14h53.

Bagdá - Os Estados Unidos estão considerando efetuar ataques com drones para conter a ofensiva lançada pelos jihadistas há uma semana no Iraque, onde, nesta segunda-feira, tentavam assumir o controle da cidade estratégica de Tal Afar, no noroeste do país.

A organização jihadista sunita Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL), apoiada por partidários do regime do presidente deposto Saddam Hussein, controla boa parte das cidades do centro e do norte do país, como Mossul, a segunda maior do Iraque.

Seu objetivo é criar um Estado islâmico em uma região na fronteira com a Síria.

Com isso, os insurgentes tentavam tomar nesta segunda-feira o controle de Tal Afar, um enclave xiita no caminho para a fronteira síria e uma das poucas cidades não controladas pelos radicais islâmicos na província de Nínive.

Diante deste avanço que as forças de segurança iraquianas tentam deter, os Estados Unidos anunciaram que o presidente Barack Obama está fazendo "uma análise minuciosa de cada uma das opções a sua disposição", incluindo os ataques com drones (aviões não tripulados).

Os Estados Unidos, que se retiraram militarmente do Iraque em 2011, estão "profundamente ligados à integridade" territorial deste país, indicou o secretário de Estado americano, John Kerry.

Segundo Kerry, Washington está disposto a conversar com o Irã sobre a situação no Iraque.

Os dois países participam em Viena das negociações sobre o programa nuclear iraniano retomadas nesta segunda-feira.

No entanto, o porta-voz do Pentágono, o contra-almirante John Kirby, ressaltou que os Estados Unidos não têm planos de consultar o Irã sobre uma eventual ação militar no Iraque, embora tenha deixado a porta aberta para discussões diplomáticas.

"Não há absolutamente intenção alguma, plano algum de coordenar ações militares entre Estados Unidos e Irã", disse Kirby.

Retirada de funcionários diplomáticos

Diante da instabilidade e da violência no Iraque, Estados Unidos e Austrália confirmaram a retirada dos funcionários diplomáticos do Iraque. Washington também anunciou o envio de reforços a sua embaixada, situada na protegida zona verde de Bagdá, e de um porta-aviões ao Golfo.

As forças de segurança iraquianas garantiram no domingo que haviam retomado a iniciativa, com o controle de duas cidades ao norte da capital em combates que tiveram com a morte de 279 insurgentes.

Além disso, indicaram também que soldados tinham repelido um ataque de insurgentes em Tal Afar, 380 km a noroeste da capital.


No entanto, várias autoridades e um morador da cidade indicaram nesta segunda uma invasão dos insurgentes.

Cerca de 200.000 pessoas, ou seja, metade da população total da região de Tal Afar, fugiram, de acordo com uma autoridade que pediu ajuda internacional.

Os jihadistas sunitas do EIIL, que tentam agora avançar em direção a Bagdá, indicaram ter matado 1.700 soldados xiitas. Mas não há confirmação por meio de fontes independentes. Apesar disso, os Estados Unidos consideraram terrível o suposto massacre.

As autoridades anunciaram no sábado um plano de segurança para defender Bagdá e milhares de cidadãos se apresentaram como voluntários para lutar contra os insurgentes em resposta ao apelo do governo e do principal aiatolá xiita, Ali al-Sistani.

Reunião entre Washington e Teerã

O Irã, país de maioria xiita, mostrou-se inesperadamente disposto a manter interesses estratégicos comuns com os Estados Unidos para apoiar as autoridades iraquianas, também xiitas, contra os insurgentes sunitas do EIIL.

O presidente iraniano, Hassan Rohani, indicou no sábado que não excluía uma cooperação com os Estados Unidos sobre este assunto, embora dois funcionários iranianos tenham expressado no dia seguinte sua rejeição a esta perspectiva.

O primeiro-ministro da província autônoma do Curdistão iraquiano, Nechirvan Barzani, fez uma visita nesta segunda-feira a Teerã para conversar sobre a situação no Iraque.

O Reino Unido também informou que o chefe da diplomacia britânica tinha conversado por telefone com seu colega iraniano sobre o Iraque, mas não divulgou o conteúdo da conversa.

A Arábia Saudita exigiu a formação de um governo de unidade nacional, ao mesmo tempo em que rejeitou qualquer ingerência estrangeira no Iraque.

Riad também considerou que a política sectária do primeiro-ministro xiita, Nuri al-Maliki, causou a desestabilização do Iraque, enquanto, para o Catar, a marginalização dos sunitas explicaria em parte a situação atual.

Já a Jordânia pediu um "processo político global" no país.

Desde a chegada de Maliki ao poder, em 2006, o Iraque mantém relações tensas com os países do Golfo, em especial com a Arábia Saudita, que o acusa de marginalizar os sunitas. O conflito na Síria aumentou a tensão.

Os ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe anunciaram uma reunião na quarta e na quinta-feira na cidade saudita de Jidá para tentar solucionar a situação crítica no Iraque.

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