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EUA mudarão espionagem para recuperar confiança

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu reformas e mais transparência nos programas de espionagem revelados por Edward Snowden para que...

Barack Obama (Reprodução)

Barack Obama (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h26.

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu reformas e mais transparência nos programas de espionagem revelados por Edward Snowden para que os cidadãos americanos confiem em sua eficácia, em entrevista coletiva realizada nesta sexta-feira na qual também abordou as tensões com a Rússia e a recente ameaça terrorista.

Esta foi a primeira entrevista coletiva de Obama desde abril, logo antes de suas férias. A pauta foi quase monopolizada pelo vazamento em junho pelo ex-analista da CIA, Edward Snowden, da espionagem em massa das comunicações telefônicas e digitais de cidadãos americanos feita pela Agência de Segurança Nacional (NSA).

"Não é suficiente para mim, como presidente, confiar nesses programas (de espionagem). O povo americano também deve confiar nele", declarou Obama ao voltar a defender sua eficácia, em particular na luta antiterrorista.

"Não estamos interessados em espionar os cidadãos. Nossa inteligência se centra na busca de informação necessária para proteger nosso povo e, em muitos casos, nossos aliados", acrescentou.

No entanto, disse que "é compreensível" que a população esteja "preocupada" devido à polêmica gerada e às denúncias de que o governo age como uma espécie de "Big Brother" que controla tudo, e admitiu que ele também estaria se fosse um cidadão comum.

Por isso, para tentar dissipar essas preocupações, anunciou uma série de medidas que incluem, em primeiro lugar, um trabalho conjunto com o Congresso para buscar "reformas apropriadas" da Seção 215 do Ato Patriota, lei que autoriza a coleta de dados telefônicos dos americanos. [quebra]

A decisão também prevê a colaboração com o Congresso para melhorar a transparência da corte encarregada de supervisionar a aplicação da Lei de Vigilância da Inteligência Estrangeira (Fisa), que regula a espionagem fora dos Estados Unidos.

Obama disse que a inteligência vai liberar toda a informação confidencial possível sobre esses programas e que o Departamento de Justiça publicará os fundamentos jurídicos da Patriotic Act, aprovado após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A quarta medida tem a ver com a formação de um grupo independente de analistas que revisará as capacidades da inteligência, fundamentalmente as tecnologias, e elaborará um relatório para o fim do ano.

Obama negou que Snowden, ex-técnico da NSA e da CIA, seja um "patriota" por ter divulgado a existência e conteúdo dos programas de espionagem e assinalou que "existiam outros canais para alguém estivesse com a consciência inquieta" em lugar do vazamento de informações a jornais, como fez o jovem, hoje asilado na Rússia.

Dois dias após cancelar a participação de uma cúpula em setembro com seu colega russo, Vladimir Putin, por causa também do asilo temporário dado por Moscou a Snowden, Obama evitou dizer abertamente se haverá mais represálias.

No entanto, ele esclareceu que a "decisão de não participar da cúpula não foi exclusivamente pelo caso de Snowden mas, em uma série de assuntos que interessam aos Estados Unidos, a Rússia não se movimentou". [quebra]

"Este último episódio é só um de uma série de diferenças nos últimos meses, em torno da Síria ou dos direitos humanos. Achamos que é apropriado para vermos para onde se dirige a Rússia e reavaliar nossa relação", acrescentou sobre o cancelamento.

O presidente afirmou não ter uma "má relação com Putin" e que suas conversas com ele "muitas vezes são muito produtivas", mas reconheceu que fez mais progressos durante o mandato de seu antecessor, Dmitri Medvedev, que deixou o posto no ano passado."Quando Putin voltou ao poder, vimos mais retórica antiamericana, que recuperava velhos estereótipos. E o encorajei a olhar para frente, e não para trás nesses assuntos", declarou.

"Espero que com o passar do tempo entendam que em vez de uma competição para ver quem ganha, é melhor ter uma relação na qual trabalhemos juntos", argumentou.

Quanto aos Jogos Olímpicos de Inverno, que serão realizados na cidade russa de Sochi, Obama destacou que o país não boicotará porque há "muitos americanos que estão trabalhando duro para obter sucesso", e disse considerar que a melhor forma de "rejeitar as atitudes" da Rússia é que "alguns atletas gays e lésbicas possam trazer para casa um ouro, uma prata ou um bronze".

"E se a Rússia não tem atletas gays e lésbicas, possivelmente isso vai tornar sua equipe mais frágil", afirmou.

Sobre a ameaça de um possível ataque terrorista que levou a fechar esta semana cerca de vinte embaixadas e consulados dos EUA em países árabes, Obama afirmou que aliados da Al Qaeda "são capazes" de atentar contra sedes diplomáticas e interesses do país e pediu, por isso, para "seguirem atentos".

"Não vamos eliminar totalmente o terrorismo, mas podemos debilitá-lo", disse Obama ao insistir que o "coração" da Al Qaeda "está dizimado" e que essa organização já não tem o potencial de organizar um ataque contra os Estados Unidos como os de 11 de setembro.

O presidente também pediu paciência para capturar os responsáveis pelo ataque ao consulado americano em Benghazi (Líbia) também em 11 de setembro, mas do ano passado, ao lembrar que demoraram anos para acabar com o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden.

Na política interna, Obama criticou os contínuos esforços dos republicanos no Congresso para anular a reforma da saúde promulgada em 2010 e voltou a insistir que os representantes republicanos na Câmara votem a reforma migratória assim que acabar o recesso legislativo, em setembro.

Também rejeitou dar pistas sobre o possível substituto de Ben Bernanke à frente do banco central americano (Fed) e argumentou que essa decisão será uma das mais importantes que tomará como presidente.

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