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Eu avisei, diz Maddog a Dilma sobre espionagem da NSA

O evangelista do software livre Jon “Maddog” Hall diz que há anos vem alertando o governo brasileiro sobre a espionagem da NSA

Madddog na Campus Party 2011, em São Paulo: o evangelista do software livre quer a atenção de Dilma Rousseff (Divulgação / Campus Party)

Madddog na Campus Party 2011, em São Paulo: o evangelista do software livre quer a atenção de Dilma Rousseff (Divulgação / Campus Party)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 15 de outubro de 2013 às 17h30.

São Paulo -- O evangelista do software livre Jon “Maddog” Hall tem um recado para Dilma Rousseff sobre a espionagem da NSA: “Desculpe-me por dizer isto mas, eu avisei”, diz, numa carta aberta à presidente.

O americano Maddog é diretor executivo da Linux International, organização que divulga o software livre. Ele esteve diversas vezes no Brasil participando de congressos.

“Durante pelo menos os últimos dez anos, falei a pessoas ao redor do mundo que eu amo meu país. Mas, se você não vive em meu país, qualquer dado armazenado em meu país ou que passe perto das fronteiras do meu país não é realmente privado”, diz ele.

Maddog diz que a raiz do problema está no chamado Ato Patriótico, de 2001, instituído em reação ao ataque de 11 de setembro. O ato deu poderes quase irrestritos aos arapongas americanos para espionar pessoas com o objetivo de combater o terrorismo. 

“Comecei a sentir certo frio na espinha. Eu sabia que esse poder amplo e descontrolado não era o que os patriotas que fundaram nosso país pretendiam. Na verdade, é o oposto”, comenta ele.

Para Maddog a disseminação da computação em nuvem só piora as coisas. “Nuvens vão esconder o software do controle das pessoas e torná-las ainda mais dependentes das grandes empresas de serviços online baseadas nos Estados Unidos”, afirma.


Sua receita para resolver o problema é criar serviços locais com base em software livre. Isso, em sua visão, daria ao país mais independência tecnológica, mais controle sobre as informações críticas e mais privacidade. Ele também prega o uso de hardware aberto fabricado no país. 

Maddog já tem um projeto para isso: “O plano é um de que venho falando nos últimos três anos. É chamado Projeto Cauã e temos trabalhado duro para realizá-lo.”

Ele reclama que os brasileiros não têm dado atenção ao que ele diz: “Dizer que fomos recebidos com falta de cooperação tanto do governo brasileiro (federal, estadual e local) como da indústria brasileira é pouco.”

Nas próximas semanas, Maddog virá divulgar seu plano em duas palestras em Foz do Iguaçu e uma em Brasília. Ele tem esperança de que Dilma mande alguém do governo para ouvi-lo e discutir o projeto.

Considerando que o governo já trabalha num sistema de comunicações próprio com foco na privacidade, é possível que algumas de suas ideias encontrem respaldo. Mas isso é na esfera governamental.

Fora dela, as chances de o plano de Maddog avançar são muito menores. Afinal, não deve haver muitos cidadãos comuns interessados em trocar Google e Facebook por serviços locais construídos com software livre.

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