Tecnologia

Estudos com ratos mostram como mãe transmite zika para feto

Os estudos permitirão testar as vacinas e os antivírus experimentais, segundo um artigo publicado na quarta-feira na revista científica americana Cell


	Zika: "É a primeira demonstração em um modelo animal da transmissão uterina do zika vírus"
 (Marvin Recinos / AFP)

Zika: "É a primeira demonstração em um modelo animal da transmissão uterina do zika vírus" (Marvin Recinos / AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de maio de 2016 às 16h10.

Pesquisadores americanos desenvolveram dois experimentos com camundongos que mostram pela primeira vez como o zika vírus é transmitido da mãe para o feto pela corrente sanguínea e se multiplica dentro da placenta, antes de atacar as células cerebrais.

Os estudos permitirão testar as vacinas e os antivírus experimentais, segundo um artigo publicado na quarta-feira na revista científica americana Cell.

"É a primeira demonstração em um modelo animal da transmissão uterina do zika vírus, e ela mostrou alguns dos mesmos efeitos que temos visto nas mulheres e nos seus filhos", afirma o coautor do estudo Michael Diamond, professor de medicina e microbiologia molecular na Universidade de Washington em Saint Louis (Missouri).

"Nosso trabalho mostrou também que o vírus por si só é suficiente para provocar malformações congênitas sem a intervenção de outros fatores externos, pelo menos no caso dos ratos", disse à AFP.

Em um dos experimentos, os pesquisadores usaram camundongos fêmeas grávidas e desativaram geneticamente sua resposta imunológica para combater o zika.

O vírus matou a maioria dos fetos em uma semana, e os que sobreviveram tiveram seu desenvolvimento gravemente retardado.

Em outro experimento, com ratos não modificados geneticamente, os fetos não morreram, mas tiveram o crescimento prejudicado e danos neurológicos.

O material genético do vírus permaneceu no corpo e no cérebro dos fetos até o 16º dia de gestação, um período crítico para o desenvolvimento cerebral.

Os fetos não desenvolveram microcefalia em nenhum dos experimentos, mas os pesquisadores disseram que isso pode se dever a diferenças biológicas entre humanos e ratos.

"Diferente dos humanos, grande parte do desenvolvimento neurológico dos ratos ocorre após o nascimento, especialmente no córtex cerebral, que é a parte do cérebro afetada na microcefalia", disse Diamond.

Os pesquisadores ficaram particularmente intrigados pelo jeito como o zika se expandiu dentro da placenta, um órgão que se desenvolve dentro do útero durante a gravidez e alimenta o feto.

A concentração do zika na placenta dos camundongos fecundados era mil vez maior do que no seu sangue.

"Na maioria das vezes, a placenta funciona como uma barreira entre a mãe o feto, mas o zika foi capaz de superar isso", disse Indira Mysorekar, coautora do estudo e pesquisadora da Escola de Medicina da Universidade de Washington.

"Este modelo pode ser utilizado para testar uma vacina e ver se é possível evitar a infecção no útero de uma mãe vacinada", disse Diamond.

"Também se pode testar os antivírus para tratar a mãe quando ela já esteja infectada, para verificar se dessa forma é possível bloquear a transmissão ao feto", acrescentou.

Acompanhe tudo sobre:DoençasMicrocefaliaZika

Mais de Tecnologia

Canadá ordena fechamento do escritório do TikTok, mas mantém app acessível

50 vezes Musk: bilionário pensou em pagar US$ 5 bilhões para Trump não concorrer

Bancada do Bitcoin: setor cripto doa US$135 mi e elege 253 candidatos pró-cripto nos EUA

Waze enfrenta problemas para usuários nesta quarta-feira, com mudança automática de idioma