Washington - Cientistas americanos afirmam ter estabelecido um vínculo estatístico convincente entre a posse de armas e casos de homicídio, revela um estudo publicado esta quinta-feira (12).

A pesquisa, publicada no American Journal of Public Health, contesta a alegação da National Rifle Association (NRA) de que a posse maior de armas não gera índices mais elevados de violência com armas de fogo.

Abrangendo 30 anos a partir de 1981 e todos 50 estados americanos, o estudo determinou que para cada ponto percentual na prevalência da posse de armas em um estado dado, a taxa de homicídios por armas de fogo aumentou 0,9%.

Na falta de dados estaduais sobre a posse doméstica de armas, o estudo usou uma variável substituta - o percentual de suicídios cometidos com armas de fogo no estado - que foi validada em pesquisas anteriores.

O estudo, conduzido pelo professor de ciências de saúde comunitária da Universidade de Boston, Michael Siegel, é o primeiro do tipo desde o massacre de 20 crianças em dezembro de 2012 na Escola Elementar Sandy Hook em Newtown, Connecticut.

"Na sequência do trágico massacre de Newtown muitos estados estão considerando uma legislação para controlar as mortes relacionadas com armas de fogo", afirmou Siegel em um comunicado.

"Esta pesquisa é a mais forte até agora a documentar que os estados com níveis mais elevados de posse de armas tem, desproporcionalmente, números mais elevados de mortes por homicídios relacionados com armas de fogo", acrescentou.

"Ela sugere que medidas que conseguiram reduzir a prevalência geral de armas reduzirão as taxas de homicídio com armas de fogo", continuou.

O estudo demonstrou que, ao longo de três décadas, o percentual médio estimado de posse de armas variou de um mínimo de 25,7% no Havaí para um máximo de 76,8% no Mississippi, com uma média nacional de 57,7%.

A média de taxa ajustada por idade para homicídios relacionados com armas de fogo variou de 0,9% por 100 mil habitantes em New Hampshire para 1,8% em Louisiana, com uma média para todos os estados de 4/100 mil.

O estudo também reconheceu um declínio a longo prazo no homicídio com armas de fogo para todos os estados, de 5,2/100 mil em 1981 para 3,5/100 mil em 2010.

As armas de fogo estiveram envolvidas em 11.078 do total de 16.259 homicídios registrados nos Estados Unidos em 2010, o último ano em que há dados disponíveis, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.