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Estudo liga colapso da civilização maia à mudança climática

Novo estudo sugere olhar para o fim da civilização maia clássica, que terminou em um surto de fome, guerra e decadência, em meio a aquecimento do clima


	Pirâmides em Yucatan: o impacto ambiental da seca foi agravado pelo uso intensivo do solo agrícola, o que provocou erosão
 (Cris Bouroncle/AFP/maia, arqueologia)

Pirâmides em Yucatan: o impacto ambiental da seca foi agravado pelo uso intensivo do solo agrícola, o que provocou erosão (Cris Bouroncle/AFP/maia, arqueologia)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2012 às 20h07.

Washington - Para entender o possível impacto da mudança climática sobre a sociedade moderna, um novo estudo sugere olhar para o fim da civilização maia clássica, que terminou em um surto de fome, guerra e decadência, enquanto o padrão climático de longo prazo na sua região passava de úmido para seco.

Uma equipe internacional de pesquisadores compilou detalhados registros climáticos sobre 2.000 anos de clima úmido e seco no atual Belize, onde cidades maias se desenvolveram entre os séculos 4 e 10 da era cristã.

Valendo-se de sinais achados em estalagmites, depósitos minerais deixados pelo gotejamento da água em cavernas, e as ricas evidências arqueológicas legadas pelos maias, a equipe chegou a conclusões que foram publicadas nesta quinta-feira na revista Science.

Ao contrário da atual tendência de aquecimento global, causada principalmente por atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis, a mudança no clima da América Central durante o colapso da civilização maia se deveu a uma violenta oscilação natural no padrão climático.

De início, o clima extremamente úmido permitiu o florescimento da civilização maia, mas, ao longo dos séculos, o clima se tornou mais seco, segundo o coordenador do estudo, o antropólogo Douglas Kennett, da Universidade Estadual da Pensilvânia.


Os períodos úmidos corresponderam a fases de prosperidade agrícola, expansão populacional e desenvolvimento civilizatório, disse Kennett por telefone. Ele afirmou que isso também reforçou o poder dos reis, que reivindicavam crédito pela bonança e realizavam sangrentos sacrifícios públicos para manter as boas graças climáticas.

Mas, por volta do ano 660, o tempo virou, segundo Kennett, e o poder dos reis minguou. Foi uma época de guerras por recursos escassos.

"Você imaginar os maias sendo atraídos para essa armadilha", disse ele. "A ideia é que se eles mantêm a chuva caindo, eles mantêm tudo unido, isso é ótimo quando você está num período realmente bom ..., mas, quando as coisas começam a ir mal, e (os reis) fazendo cerimônias e nada acontecendo, aí as pessoas começam a questionar se não deveriam estar no comando." O colapso político dos reis maias ocorreu por volta de 900, quando uma seca prolongada abalou mais sua autoridade. As populações maias resistiram por mais cerca de um século, e uma seca severa, durando de 1000 a 1100, forçou os maias a abandonarem seus principais centros populacionais.

Segundo Kennett, o impacto ambiental da seca foi agravado pelo uso intensivo do solo agrícola, o que provocou erosão.

"Há algumas analogias com isso no contexto moderno que realmente deveriam nos preocupar", disse ele, citando exemplos na África e Europa.

Segundo ele, a atual mudança climática poderá afetar os sistemas agrícolas de algumas regiões, motivando fome, instabilidade social e conflitos armados que então envolvem outras populações, exatamente o que se acredita que aconteceu com a civilização maia.

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