Este jornalista foi preso na Turquia por tuitar a letra K
Önder Aytaç foi condenado a 10 meses de prisão após ironizar no Twitter decisão do primeiro-ministro turco Tayyp Erdogan de fechar escolas particulares no país
EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2014 às 15h27.
São Paulo - Que a internet abre um mundo de possibilidades, muita gente já sabe. O que muitos ignoram é que ela também pode levar à prisão (e pelos motivos mais diversos). É o que revela o caso do jornalista turco Önder Aytaç.
Em 20 de setembro de 2012, ele publicou no Twitter uma mensagem criticando a decisão de fechar escolas particulares na Turquia - anunciada à época por Recep Tayyp Erdogan, primeiro-ministro da país.
http://t.co/zYBEmYiD =>> KAPAT BE USTAAAAAAMMMMMMK :) => yorumkariniz da yazinin altina lutfen
"Kapat be ustammmmmmk", afirmou Aytaç no tuíte. Em português, isso quer dizer algo como "fecha elas, chefinho". "Ustamm", em turco, quer dizer "nosso mestre". Na Turquia, é comum o uso do termo em alusão a Erdogan. Porém, o k no fim dá à palavra conotação irônica.
Erdogan não gostou da brincadeira, que resultou numa condenação a 10 meses de prisão para o jornalista determinada por juízes de Ankara, cidade da região central da Turquia.
Erdogan x difamação
Behrouz Mehri/AFP
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyp Erdogan: "O Twitter é um sonegador fiscal. Vamos atrás dele"
"Erdogan implantou na Turquia uma legislação contra difamação que torna crime insultar 'autoridades com cargo em vigência'", afirmou em seu blog Zeynep Tufekci, especialista em mídias sociais da Universidade da Carolina do Norte.
No fim de março, o YouTube havia sido alvo da ira do líder turco - que bloqueou o site no país após divulgação de conversa entre funcionários de alto escalão do governo.
Twitter
AFP
Twitter: bloqueio ao site na Turquia por divulgação de conversas foi suspenso apenas no começo de abril
Até o começo de abril, o Twitter também não estava disponível na Turquia. O motivo eram conversas que ligavam Erdogan a um esquema de corrupção que vazaram por meio do site.
"O Twitter é um sonegador fiscal. Vamos atrás dele", afirmou o primeiro-ministro em declarações dadas no meio deste mês. Protestos contra o governo de Erdogan têm sacudido a Turquia nos últimos meses.
São Paulo - Durante essa semana, as autoridades da Turquia bloquearam sites na internet. Depois da rede social Twitter, na quinta-feira o governo bloqueou o YouTube. O país, no entanto, não foi o único a ter a plataforma de vídeos bloqueada. Países ocidentais (como Brasil e Alemanha) já passaram por episódios parecidos. Outras menos livres, como Coreia do Norte e China também. O YouTube é o terceiro site com maior número de acessos no mundo, de acordo com o Alexa. Perde apenas para o Google e o Facebook. Veja a seguir 10 países onde o YouTube foi bloqueado.
O YouTube foi bloqueado por pouco tempo no Brasil. O serviço foi deixado fora do ar depois que a apresentadora Daniella Cicarelli e o então namorado Renato Malzoni Filho entraram na justiça pedindo que um vídeo no qual apareciam fazendo sexo fosse tirado do ar. O bloqueio de todo o YouTube foi a maneira encontrada pela justiça para tirar o vídeo de Cicarelli do ar. O site ficou fora do ar no Brasil por dois dias. Ao menos 5,7 milhões de usuários foram atingidos pelo bloqueio.
A Turquia já havia passado por um bloqueio anteriormente. De 2007 a 2010, o acesso ao YouTube foi bloqueado diversas vezes no país. Um dos motivos foi um vídeo insultando o líder Mustafa Kemal Atatürk, considerado o fundador do Estado moderno turco (sua face está impressa na bandeira na foto). Agora, às vésperas de uma eleição no país, o governo obrigou que o serviço fosse bloqueado novamente. Nos vídeos estavam aparecendo denúncias de corrupção do governo.
O bloqueio de vídeos na Alemanha vem desde 2009. A causa é uma briga entre o YouTube e uma organização nacional de direitos autorais. Ela acusa o YouTube de ser culpado no caso de não tirar do ar vídeos que usam músicas como fundo sem pagar os direitos autorais. Com isso, diversos vídeos são bloqueados no país. De acordo com uma pesquisa do site MyVideos, 61% dos 1.000 vídeos mais assistidos no YouTube, são bloqueados na Alemanha. Em comparação, nos Estados Unidos, 0,9% deles são bloqueados.
No ano passado, uma corte do Egito ordenou o bloqueio do YouTube no país por 30 dias. A corte culpou o serviço por divulgar um vídeo de um filme chamado “A Inocência dos Muçulamanos”. Ele mostrava Maomé como um homem mulherengo. Somente representar o profeta já é uma ofensa para os muçulmanos. O vídeo havia sido publicado no YouTube em 2012.
Em 2010, o YouTube foi banido da Líbia por ter vídeos contra o governo. Na rede também estavam outros mostrando Kaddafi e sua família em festas luxuosas. Com a queda do ditador, em 2011, a rede voltou a funcionar normalmente no país.
O governo da Tailândia bloqueou o YouTube no país usando a lei de “crimes contra monarquia”. A lei é usada pelo governo para preservar a imagem da monarquia no país (na foto, o rei Bhumibol Adulyadej). Um vídeo de 44 segundos com uma foto de um membro da monarquia desfigurado estava na rede, que foi bloqueada. Por conta disso, a rede ficou inacessível por cinco meses em 2007.
O Turcomenistão bloqueou o acesso ao YouTube em 2009. O governo não forneceu nenhuma explicação oficial sobre a ação. Ao mesmo tempo, outros sites, como o serviço LiveJournal, também entraram na lista negra do país.
O acesso ao YouTube na China é proibido. O início do bloqueio foi em 2009. Até hoje não é permitido que cidadãos usem a rede. Qualquer outra plataforma de vídeos é regida por regras rígidas. Todo o material de vídeo que os usuários sobem para a internet deve ser analisado. Segundo o governo, isso é importante para proteger internautas de material vulgar e que vá contra a saúde dos chineses.
O governo da Coreia do Norte proíbe o acesso de seus cidadãos à internet. O que eles podem acessar é uma intranet (rede local) de conteúdo, chamada Kwangmyong. A rede interna da Coreia do Norte passou a funcionar em 2000. Entre os sites que funcionam nela, não existe o YouTube.
Em 2008, a Indonésia bloqueou o acesso ao YouTube por conta de um vídeo antiislâmico. Polêmico, ele havia sido publicado por um deputado holandês, Geert Wilders, no qual ele criticava a religião. O bloqueio durou três dias.
12. Agora, veja números sobre o Twitterzoom_out_map