The Sims: jogo da Electronic Arts simula a vida real (YouTube/EA/Reprodução)
Maria Eduarda Cury
Publicado em 16 de abril de 2019 às 15h27.
Última atualização em 18 de abril de 2019 às 17h52.
São Paulo – Para Rizwan Virk, cientista da computação formado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e designer de games, a humanidade tem mais chances de estar vivendo em uma simulação hiper-realística do universo – algo como um videogame da vida real – do que um universo físico propriamente dito.
Em entrevista ao site americano Vox, Virk argumenta que a visão de que estamos vivendo em um mundo movido por informação faz muito mais sentido. “A verdade é que há muito que nós simplesmente não entendemos sobre a nossa própria realidade, e eu acho que é mais provável que nós estejamos em algum tipo de universo simulado”, disse o cientista da computação.
O Virk lançou, recentemente, um livro chamado “The Simulation Hypothesis” (A Hipótese da Simulação), que exemplifica sua teoria sobre vivermos em uma realidade próxima àquela vista no filme Matrix (1999), na qual nossas escolhas seriam como uma conexão interativa entre o virtual e o pessoal. "Eu acredito que exista uma boa chance de estarmos, na verdade, vivendo em uma simulação, apesar de não podermos dizer isto com 100% de confiança. Mas há muitas evidências que apontam para essa direção."
A ideia de sermos controlados por computadores não é nova para os cientistas e estudiosos da área. Um estudo de 2003 realizado por Nick Brostom, da faculdade de Filosofia da Universidade de Oxford, chamado "Você está vivendo em uma simulação computacional?", traz o argumento que, se os humanos continuarem a desenvolver tecnologia, chegarão a um estágio no qual a sociedade possuirá um enorme poder sobre a computação.
O professor da faculdade de Filosofia de Oxford acredita que existem três possíveis caminhos para o nosso futuro, sendo eles:
– A humanidade será evaporada antes de conquistar o poder tecnológico necessário para criar suas próprias simulações;
– A civilização pós-humana não se interessará em reviver ancestrais por simulação;
– Se as outras duas não se concretizarem, significa que nós já estamos vivendo em um universo simulado controlado pelas civilizações futuras, e não no mundo real.
Apesar de parecer uma teoria bastante utópica, muitas pessoas vêm se declarando favoráveis a ela, como o bilionário sul-africano Elon Musk, presidente da montadora de carros elétricos Tesla e cofundador da empresa que originou o PayPal. Como designer de jogos, Virk relaciona bastante sua pesquisa com jogos de realidade virtual, e diz acreditar que estamos no estágio cinco de evolução tecnológica, o que engloba também realidade aumentada. "Minha aposta é que daqui a algumas décadas para cem anos do agora, chegaremos no estágio de simulação", o que significa que não será mais possível a distinção do virtual para o real.
Apesar de a hipótese ter o apoio de grandes nomes, como o do astrofísico Neil Degrasse Tyson (apresentador do seriado científico Cosmos), outro estudo, feito por físicos da Universidade de Oxford, no Reino Unido, aponta que é impossível que estejamos vivendo em universo simulado. Eles refutam a ideia de que viver em uma simulação seria possível apenas com base em análise da capacidade de computadores.
Segundo o coautor do estudo, Dmitry Kovrizhin, a quantidade de informações e metadados do nosso universo que precisaria ser processada para projetar uma simulação perfeita ultrapassa a capacidade de armazenamento do universo, visto que o número de átomos seria maior do que os átomos existentes hoje.
Isso se dá de acordo com a descoberta do "efeito Hall", uma teoria que diz que a simulação de algo se torna mais complexa e improvável conforme a quantidade de partículas, átomos ou dados em questão aumentam. Isso acontece porque cada partícula do universo teria que se duplicar.
"A fim de simular um sistema mecânico quântico, o indivíduo teria que diagonalizar essa matrix em um computador, o que é uma tarefa computacionalmente difícil quando o tamanho da matrix torna-se grande.", disse Kovrizhin, em entrevista ao Seeker.
No entanto, os pesquisadores não excluem a possibilidade de, no futuro, serem desenvolvidos computadores altamente qualificados para a tarefa e com poder quântico poderoso, que possibilitariam uma duplicação do universo para criar uma simulação do real.