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Da Redação
Publicado em 23 de maio de 2012 às 14h06.
São Paulo - O Estado lança nesta quarta-feira na internet a coleção completa de 137 anos do jornal com 2,4 milhões de páginas. A cerimônia de lançamento, no auditório do Ibirapuera, com show do cantor e ex-ministro Gilberto Gil, será transmitida ao vivo no portal do Estadão na internet.
Entre os convidados estão os ministros da Fazenda, Guido Mantega; da Educação, Aloizio Mercadante; da Cultura, Ana de Hollanda; dos Esportes, Aldo Rebelo; o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab, além de empresários, historiadores e vários artistas. A história do jornal será mostrada em uma apresentação multimídia, com destaque para os grandes acontecimentos que marcaram a cobertura jornalística desde os tempos do Império.
Ao longo da sua existência, o jornal acompanhou duas guerras mundiais e centenas de outros conflitos, noticiou seis reformas constitucionais e nove trocas de moeda. No campo esportivo, o jornal registra 19 copas mundiais de futebol.
No período republicano, enfrentou a ditadura do Estado Novo, a redemocratização e outra ditadura a partir de 1964. O portal do acervo na internet vai mostrar aos leitores mais de mil páginas censuradas pela ditadura militar, permitindo a comparação entre os textos originais e as páginas como foram publicadas, com versos de Os Lusíadas, de Luiz Vaz de Camões.
O reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares (Unipalmares), José Vicente, foi convidado para ler a notícia publicada no dia 13 de maio de 1888. No editorial "Glória à Pátria", o jornal, então com 13 anos de existência, saúda o decreto da abolição como o início de novos tempos no país.
O texto da época exalta o trabalho abolicionista de Américo de Campos e de Luiz Gama, baiano, filho de escrava com branco português, vendido ainda criança em Salvador, que, em São Paulo, conquistou a liberdade e se transformou em um dos principais ativistas da abolição.
Modo de vida
Nas páginas da primeira década de vida do jornal, agora digitalizadas e oferecidas no site do acervo, é possível encontrar detalhes do modo de vida da época nos tempos do Império, fortemente marcado pela escravidão. Na seção de anúncios, donos de negros escravizados ofereciam recompensa para quem capturasse os escravos fugidos.
Lembrada como um dos principais acontecimentos do ano de 1875 na cronologia da obra maior de Joaquim Nabuco, Um Estadista do Império (Topbooks), a circulação do jornal é destaque no quadro de fatos contemporâneos citados na publicação.
Na obra, Nabuco, outro abolicionista convicto, descreve a história de seu tempo com base na atuação do pai, Nabuco de Araújo, conselheiro do imperador e figura central na campanha da legalidade no fim da escravidão.
Em um quadro na página 1.340, Um Estadista do Império destaca, além do nascimento do jornal, a falência dos bancos Mauá e Nacional como acontecimentos relevantes no país.
Origem
Nascido na Rua de Palácio, 14, em uma São Paulo que já vivia o crescimento com base em uma economia agrícola, o jornal apresenta no primeiro texto da edição número 1 outra marca que nortearia o futuro da publicação - a defesa da liberdade de imprensa -, preceito que seria obrigado a enfrentar pelo caminho em pelo menos dois momentos cruciais no século 20: na ditadura de Getúlio Vargas e, mais recentemente, durante o governo militar dos anos 60 e 70.
"Não sendo orgam de partido algum nem estando em seus intuitos advogar os interesses de qualquer d'elles, e por isso mesmo collocando-se em posição de escapar ás imposições do governo, ás paixões partidarias e ás seduções inherentes aos que aspiram ao poder e seus proventos, conta a Província de São Paulo fazer da sua independencia o apanagio de sua força e a medida da severa moderação, sisudez, franqueza, lealdade e criterio em que fundará o salutar prestigio a que destina-se a imprensa livre e consciente", diz o texto que, a partir de agora, pode ser visitado no acervo na internet. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.