Tecnologia

Estado Islâmico usa concorrente do WhatsApp para comunicação

Aplicativo gratuito tem codificação e diz não poder ser rastreado

Estado Islâmico: grupo usa app para trocar guias de criação de armas (AFP)

Estado Islâmico: grupo usa app para trocar guias de criação de armas (AFP)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 18 de novembro de 2015 às 10h03.

Última atualização em 30 de agosto de 2019 às 18h25.

São Paulo – O grupo jihadista Estado Islâmico utiliza um concorrente do WhatsApp para a comunicação. Além da gratuidade e da criptografia anti-vigilância, o Telegram foi escolhido porque tem um recurso de transmissão de mensagens para inúmeras pessoas ao mesmo tempo.

A autoria dos atentados em Paris, bem como a resposta agressiva do grupo aos Anonymous foram publicadas pelos integrantes do Estado Islâmico no Telegram.

Segundo a BBC, o grupo migrou de plataforma principal de propaganda, deixando o Twitter em segundo plano, já que suas contas eram constantemente revogadas. No Telegram, isso não aconteceu até o momento.

Os canais do EI no Telegram servem para que os membros do grupo possam trocar tutoriais sobre fabricação de armas e ciberataques, assim como para planejar suas próximas ações, segundo o Instituto de Pesquisa de Mídia do Oriente Médio. A Al Qaeda também utiliza o app.

Seguir o Estado Islâmico no aplicativo é simples e se parece com a ação de adicionar um amigo no Facebook. Qualquer pessoa com uma conta pode entrar no grupo do Estado Islâmico, basta acessar o seu endereço web (URL) e clicar em participar (join). A partir daí, a pessoa começa a receber as atualizações dos jihadistas.

Codificação

As mensagens trocadas por meio do Telegram são codificadas (criptografia) e também podem se auto-destruir. Ao contrário do WhatsApp, restrito à web e a smartphones, o aplicativo é multiplataforma.

Com 60 milhões de usuários atualmente, o Telegram foi criado em agosto de 2013, por Pavel Durov, que também é cofundador da rede social BK, uma espécie de Facebook russo.

"A razão número um pela qual apoiamos e ajudamos a criar o Telegram é que ele foi feito para ser um meio de comunicação que não pode ser acessado por agências de segurança russas", disse Durov ao TechCrunch.

Entretanto, em longo prazo, não se sabe se o Telegram mantém essa política. A empresa não respondeu o contato de EXAME.com.

Em seu site, ela informa que todas as conversas e grupos são "território privado de seus respectivos participantes e não processamos nenhuma solicitação relacionada a elas".

O uso de software com criptografia pelo Estado Islâmico é apontado por analistas e oficiais de inteligência como um resultado do que fez Edward Snowden, que vazou uma série de documentos mostrando como o governo dos Estados Unidos vigiava a população. O ex-diretor da CIA James Woolsey disse, em diversas ocasiões, que Snowden tem "as mãos sujas de sangue".

Contudo, segundo o Ars Technica, mesmo que um aplicativo tenha criptografia ponta a ponta, agências de inteligência podem utilizar técnicas de análise de tráfego para tentar identificar os participantes.

Acompanhe tudo sobre:AppsEstado IslâmicoSmartphonesTelegram

Mais de Tecnologia

Canadá ordena fechamento do escritório do TikTok, mas mantém app acessível

50 vezes Musk: bilionário pensou em pagar US$ 5 bilhões para Trump não concorrer

Bancada do Bitcoin: setor cripto doa US$135 mi e elege 253 candidatos pró-cripto nos EUA

Waze enfrenta problemas para usuários nesta quarta-feira, com mudança automática de idioma