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Especialista descarta risco de contágio do Ebola em aviões

O médico Pierre Rollin, do Centro Norte-Americano de Controle e Prevenção de Doenças, levanta dúvidas sobre a possibilidade de contágio entre passageiros

Ebola (AFP)

Ebola (AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2014 às 05h42.

Os aeroportos da Guiné, Serra Leoa e Libéria estão na mira, depois que o vírus Ebola matou 467 pessoas desde janeiro. O médico especialista Pierre Rollin, do Centro Norte-Americano de Controle e Prevenção de Doenças, levanta dúvidas sobre a possibilidade de contágio entre passageiros.

AFP: O vírus Ebola, que faz estragos em Serra Leoa, Guiné e Libéria, pode ser transmitido em aviões?

Doutor Rollin: No aeroporto de Conakry há um controle sistemático da temperatura dos passageiros, e logo haverá em Serra Leoa e na Libéria. Se os passageiros não têm febre, significa que não estão doentes. A febre é o começo da doença. Durante o período de incubação, o vírus não é secretado nem na saliva, nem no suor. Só é contagioso quando começam a surgir os sintomas clínicos, que são visíveis: febre, náuseas e vômitos. Se estão em período de incubação, é muito difícil que desenvolvam a doença durante o voo.

No entanto, um viajante pode desenvolver a doença vários dias depois do retorno. Se não tem febre quando o avião decola, não representa um risco para os viajantes ou a tripulação.

Na história do Ebola, só se conhece o caso de uma pessoa que "exportou" o vírus. Aconteceu em 1996, no Gabão, quando um médico, que tinha examinado um paciente com Ebola, começou a apresentar os sintomas, mas os escondeu, para poder pegar um avião para a África do Sul. Hoje, não passaria pelo filtro do aeroporto.

AFP: Como garantem que o controle da temperatura seja eficaz?

Doutor Rollin: Os passageiros que entram no aeroporto devem preencher um questionário e, depois, sua temperatura é tirada. As autoridades devem fechar o questionário e, para garantir que ninguém evite este teste, só recebem o cartão de embarque em troca do documento que certifica que não têm febre.

AFP: Qual o risco de contaminação que os turistas correm?

Doutor Rollin: É importante que as pessoas saibam quais são as vias de contágio potenciais. Pode estar na fauna selvagem, onde, por exemplo, os ratos transmitem (o vírus) para o homem. Mas esta forma de transmissão é excepcional e não está acontecendo atualmente em nenhum dos três países afetados.

A forma de transmissão é de pessoa a pessoa e, para se contaminar, é preciso estar em contato com um doente ou assistir ao funeral de uma pessoa que morreu com o Ebola. Quando alguém morre, o costume é lavar o corpo diretamente com as mãos antes de enterrá-lo. Não é algo que vão fazer turistas e usuários do transporte aéreo clássico.

As pessoas que estão sendo afetadas atualmente viajam por diferentes povos ou cidades na Guiné e em Serra Lea, mas não têm o perfil de viajantes internacionais.

 

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