Tecnologia

Escritores preveem o futuro na Intel

Fabricante de processadores está produzindo o Projeto Amanhã, onde contrata autores de ficção científica com objetivo de ajudar a criar produtos novos e inovadores

Imaginar como a tecnologia será usada no futuro ajuda a desenhar produtos a serem usados nos dispositivos (Getty Images)

Imaginar como a tecnologia será usada no futuro ajuda a desenhar produtos a serem usados nos dispositivos (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2011 às 10h09.

São Paulo - “Quando Alexin se curvouna cadeira, os sensores reagiram de imediato. O assento inclinou-se levemente para a frente a fim de ajudá-lo a se levantar. Enquanto caminhava pela sala, o calor e os movimentos do seu corpo eram monitorados. Como era noite, as luzes da casa se acendiam e apagavam na medida em que ele entrava e saía de cômodos. As portas se abriam automaticamente. Alexin não precisa perder tempo abrindo as gavetas ou acendendo lâmpadas. Os sensores espalhados por todos os cantos tornam sua vida mais fácil.”

A casa de Alexin ainda não existe. É fruto da imaginação de Markus Heit, autor do conto O Piscar de Um Olho. Heit é um dos quatro autores de ficção científica contratados pela fabricante de processadores Intel para fazer parte do Projeto Amanhã, cujo objetivo é ajudar a criar produtos novos e, mais importante, inovadores.

“Uma história de ficção científica é uma boa maneira de discutir o futuro”, disse a INFO Brian Johnson. Seu cargo na Intel? Arquiteto de experiência do consumidor. Apesar de parecer uma ideia estranha, a iniciativa tem uma explicação lógica.

Imaginar como a tecnologia será usada no futuro ajuda a desenhar produtos a serem usados nos dispositivos. E nada melhor do que fazer isso numa língua que os engenheiros entendem. “É uma idéia útil para quem cresceu assistindo Star Trek”, diz Jack Weast, engenheiro da Intel, à revista BusinessWeek.

Os quatro primeiros escritores foram contratados pela fabricante de processadores em meados de 2010. Em uma dessas histórias, um casal viaja para o sul da França em um carro que não precisa de motorista para doar sangue a um familiar.


Durante a viagem, informações sobre a saúde dele aparecem no painel do automóvel. “A ideia é levar o projeto para outros países, inclusive o Brasil”, disse Johnson. “Quero entender o que está acontecendo no país.”

Essa não é a primeira vez que a Intel recorre a colaboradores com formação pouco comum ao mundo da tecnologia. Em 2006, a empresa anunciou a contratação de mais de 100 antropólogos. O objetivo? Entender o que as pessoas esperam de um computador.

Um exemplo disso aconteceu quando, há cinco anos, a Intel começou a fazer pesquisa de chips para equipar set-top boxes do Google. A princípio, a fabricante de processadores acreditava que as pessoas queriam passar vídeos por streaming de seus computadores para a TV. Mas uma pesquisa conduzida por equipes de antropólogos descobriu que elas não queriam apenas assistir ao vídeo por streaming. Desejavam, sim, usar a televisão para navegar na internet.

Essa informação fez com que a empresa redesenhasse a linha de chips usados nos aparelhos de TV. Mais recentemente, em janeiro, a Intel contratou o músico Will.i.am para sua área de inovação criativa. E deu mais um passo fora da lógica corporativa tradicional.

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