Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2013 às 10h00.
São Paulo – Se há uma lição que universidades e escolas aprenderam com as redes sociais e os gadgets móveis, é que a tecnologia tem tudo para ser uma grande aliada do ensino. Um dos benefícios mais sensíveis percebidos pelas escolas foi a adoção de serviços de computação em nuvem. Afinal, com os dados disponíveis em servidores remotos, foi possível dar sentido à onda de mobilidade experimentada por alunos e estudantes, oferecendo apostilas, provas e conteúdo didático multimídia acessível de qualquer lugar, por qualquer dispositivo.
Agora, com os dados de desempenho de alunos e materiais didáticos digitalizados, os colégios experimentam uma segunda onda de inovação, a adoção de serviços de big data. Como o próprio nome sugere, essa tecnologia consiste no processamento e análise de grandes volumes de dados, recurso que pode oferecer informações preciosas para melhorar a eficácia de conteúdos ensinados, diminuir a evasão de alunos e até permitir às escolas a descoberta de novas áreas de atuação.
De acordo com o diretor de gestão da informação e performance da consultoria PwC, Rui Botelho, empresas estão desenvolvendo serviços de análise das informações registradas nos sistemas de TI de escolas e universidades para ajudá-las a interpretar esses dados. “Com essas análises, é possível descobrir em que classes há diferenças de aprendizagem e, no caso de escolas com muitas unidades, quais apresentam maior ou menor deficiência”, afirma Botelho.
Segundo o consultor, algoritmos de big data vasculham todas as informações geradas pelo histórico de matérias acessadas por alunos na nuvem e relacionam suas notas, ausências e comentários publicados ao seu aproveitamento escolar, gerando relatórios ricos, que servem de insumo para que os educadores identifiquem os pontos fortes e fracos de suas turmas. Uma das vantagens do binômio computação em nuvem e big data é permitir a análise de dados em tempo real. Assim, podemos observar a compreensão de um determinado conteúdo por meio de uma prova online aplicada logo após a aula e, depois, o próprio algoritmo de análise poderá sugerir livros ou identificar as deficiências de cada estudante, destaca Botelho.
Oportunidades para empreendedores – A digitalização da sala de aula deve abrir, ainda, novas oportunidades para empreendedores individuais ou escolas inovadoras. Uma possibilidade, por exemplo, é a venda de conteúdos em formato digital, um serviço que nem todas as escolas dominam plenamente e, por isso, podem necessitar de parceiros.
Outro aspecto que pode ser melhorado é a evasão de alunos, um problema comum a todas as universidades. Afinal, todos os anos, por razões variadas, boa parte dos alunos que ingressaram em um curso vai abandonar os estudos. Uma das formas de reduzir a taxa de desistência nas instituições é detectar os alunos com maior propensão a dar continuidade aos estudos e torná-lo um influenciador do curso em sua rede de relacionamentos. Identificando amigos que se conhecem, em tese, dá para identificar o perfil dessas pessoas e, dentro da rede virtual, criar ofertas e campanhas direcionadas para que alunos propensos a se formar influenciem os amigos a seguir em frente nos estudos e, ao mesmo tempo, criar campanhas específicas para fidelizar estudantes com maior probabilidade de desistir, indica Botelho.
De acordo com o professor do curso de pós-graduação da ESPM Gil Giardelli, com apoio em novas tecnologias, como nuvem e big data, as universidades brasileiras podem se articular entre si e criar cursos globais, abrindo novos mercados.
“Por que não podemos ganhar escala e tornar nossas escolas players da educação global?”, questiona. Segundo Giardelli, esse conceito já é explorado por universidades americanas e, do ponto de vista tecnológico, algo plenamente viável para as instituições brasileiras. O desafio é explorar as tecnologias de nuvem e big data em favor da educação e dos negócios.