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Escândalo do Facebook é "divisor de águas" em proteção de dados

Após escândalo do Facebook, órgãos reguladores estão procurando aumentar a conscientização a respeito de como proteger informações

Mark Zuckerberg: CEO e co-fundador do Facebook terá de testemunhar para Congresso americano (Stephen Lam/Reuters)

Mark Zuckerberg: CEO e co-fundador do Facebook terá de testemunhar para Congresso americano (Stephen Lam/Reuters)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 9 de abril de 2018 às 15h14.

Última atualização em 9 de abril de 2018 às 15h17.

As revelações de que dados pertencentes a 87 milhões de usuários do Facebook e seus amigos podem ter sido usados indevidamente se tornaram um divisor de águas no mundo da proteção de dados e os órgãos reguladores estão procurando aumentar a conscientização a respeito de como proteger informações.

Elizabeth Denham, chefe do órgão regulador da privacidade no Reino Unido, que lidera as investigações europeias a respeito de como os dados dos usuários acabaram nas mãos da consultoria Cambridge Analytica, disse em discurso, na segunda-feira, que o setor de tecnologia e os órgãos reguladores precisam melhorar a confiança do público em relação ao manejo de sua informação privada.

“As revelações impressionantes das últimas semanas podem ser vistas como um divisor de águas em termos de proteção de dados”, disse Denham, comissária de Informação do Reino Unido, na conferência anual da agência para profissionais de proteção de dados. “De repente todos estão prestando atenção.”

O órgão dirigido por Denham analisa as evidências coletadas nos escritórios da Cambridge Analytica em buscas realizadas no mês passado após a notícia de que a consultoria política havia obtido conjuntos de dados de um pesquisador, que transferiu as informações sem permissão do Facebook. Denham disse que o Facebook está cooperando com a investigação, mas que é muito cedo para afirmar se as mudanças planejadas pela rede social serão suficientes.

O Gabinete do Comissário para a Informação do Reino Unido (ICO, na sigla em inglês) vem revisando o uso de dados analíticos para fins políticos desde maio de 2017 e atualmente investiga 30 organizações, incluindo o Facebook, disse Denham.

“Nossa investigação atual a respeito do uso de análises de dados pessoais para fins políticos por campanhas, partidos, empresas de redes sociais e outras entidades será comedida, minuciosa e independente”, disse. “Só quando chegarmos a conclusões baseadas em evidências decidiremos se se justifica tomar medidas legais.”

As declarações surgem antes de reunião dos 28 órgãos reguladores de informação da UE em Bruxelas para discutir o assunto e de uma conversa entre a diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, e a comissária de Justiça do bloco, Vera Jourova.

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, prestará depoimentos na terça e na quarta-feira aos painéis do Congresso dos EUA que investigam o uso indevido de dados e outras revelações a respeito da gigante das redes sociais. Parlamentares e outros órgãos reguladores da Europa também buscam respostas para perguntas sobre como os dados de até 2,7 milhões de pessoas da União Europeia podem ter acabado nas mãos de uma consultoria que trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump nos EUA.

A agência de proteção à privacidade da Itália se reunirá em 24 de abril com Stephen Deadman, vice-diretor global de privacidade do Facebook, como parte de uma investigação local sobre o escândalo. Dois dias depois, o Facebook enviará seu diretor de tecnologia, Mike Schroepfer, para responder a perguntas de um comitê parlamentar do Reino Unido que investiga o impacto das redes sociais em eleições recentes.

O escritório de Denham lançou na segunda-feira uma campanha de conscientização pública chamada Your Data Matters (“Suas informações importam”, em tradução livre), que busca restaurar a confiança das pessoas no tratamento dado a suas informações.

“O uso adequado de dados pessoais pode possibilitar coisas notáveis”, disse Denham. “Agora, mais do que nunca, o papel do profissional de proteção de dados não é apenas o de guardião da privacidade, mas o de embaixador do uso apropriado dos dados pessoais dentro da lei.”

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