Fórum (Paula Rothman)
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2014 às 10h13.
Fazer parcerias entre hospitais públicos e privados, médicos do SUS e laboratórios particulares seria um dos caminhos para melhorar a questão da saúde no país.
Essa foi uma das conclusões dos participantes do primeiro debate do Fórum EXAME INFO O Futuro da Saúde, organizado pelas revistas EXAME e INFO em São Paulo.
A conversa Como Melhorar a Gestão do Sistema Público foi mediada por André Lahóz, diretor da Unidade de Negócios da Editora Abril, e contou com a participação de Gonzalo Vecina Neto, superintendente corporativo do Hospital Sírio Libanês, Michele Caputo Neto, secretário de Estado de Saúde do Paraná, e René Parente, líder de prática de saúde no Brasil da Accenture.
A maior dificuldade (do sistema de saúde no Brasil) é romper com o preconceito e corporativismo do setor para ganhar agilidade, diz Caputo Neto.
Segundo ele, falta aos gestores a visão de que é preciso ter escala para que um investimento seja viável. No Paraná, por exemplo, é comum na audiência com deputados, prefeitos e secretários municipais, ouvir demanda para construir hospitais com 15 leitos, comprar equipamentos ou criar laboratórios municipais muito específico.
Caputo afirma que, levando em conta as necessidades demográficas, é possível montar redes em parceria com o setor privado para atender às diferentes necessidades da população.
Enxergamos parceiros da filantropia e do privado, especialmente na alta complexidade de urgência e emergência, como preferenciais para fazer investimentos, diz, citando melhora nos índices de mortalidade materna e nenonatal nas maternidades graças a esses investimentos. Os melhores índices são nesses consórcios.
A necessidade de parcerias entre os setores também pode ser evidenciada pelos números. Hoje, o Brasil gasta de 9% de seu PIB com saúde. Mas esse total, apenas 45% correspondem aos gastos dos 150 milhões de brasileiros que dependem do serviço público de saúde, diz Gonzalo.
Isso significa que 55% dos gastos de saúde beneficiam apenas 50 milhões de pessoas, ou ¼ da população, que tem acesso a médicos particulares. E, desse total, 80% são pagos por empresas na forma de benefícios, como convênios.
Segundo Gonzalo, essa possibilidade de juntar forças e integrar redes é bem sucedida em outros países, como o Reino Unido, e não significa a eliminação de um atendimento gratuito. O SUS não vai deixar de existir, como o National Health Service não deixou de existir na Inglaterra.
A melhor solução para o mercado nacional, no entanto, não seria um modelo importando. O ideal é criar um novo sistema para o Brasil, diz Parente. Mas é importante lembrar que discutir o futuro da gestão nos serviços públicos é discutir governos, governantes e gestores, diz Caputo. Nada disso resiste à incompetência e corrupção do estado.