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Entrevista de domingo: ‘Pagaremos até com a geladeira’, diz chefe do Mastercard Labs

Para o chefe de inovação da MasterCard, logo faremos compras direto de geladeiras, para que as encomendas cheguem em casa

Garry Lyons (Divulgação/MasterCard Labs)

Garry Lyons (Divulgação/MasterCard Labs)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2013 às 09h20.

São Paulo - Para o chefe de inovação da MasterCard, logo faremos compras direto de geladeiras, para que as encomendas cheguem em casa. E o sistema de pagamento, ele espera, sairá de seu laboratório. Garry Lyons trabalha há dois anos e meio desenvolvendo protótipos na divisão mais inovadora da companhia, na Irlanda. Ele acredita que interfaces de pagamento estarão não apenas em nossas carteiras e celulares. Para dar conta da velocidade dessa evolução, ele tem um time destacado para construir protótipos em até três dias, lidando com tendências como computação vestível e pagamentos na nuvem.

Como vocês enxergam os pagamentos digitais no laboratório da MasterCard? 

Nos importamos com a experiência do usuário. Mais do que pagamentos, tentamos entender o que as pessoas querem fazer com aquilo. Elas não querem pagar. Elas querem tomar café da manhã, por exemplo. Criamos protótipos que tentam resolver esse problema de maneira segura e simples.

Acreditamos que a inovação é um efeito que se repete. Fazemos muitos protótipos e os levamos ao mercado. Se funcionar, aumentamos a escala. Se não der certo, matamos o projeto ou o melhoramos. Desde que começamos, há dois anos e meio, já desenvolvemos mais de 150 protótipos. Alguns deles são muito bons, e já funcionam em alguns mercados, outros nem tanto.

Como é a equipe de vocês?

Nosso grupo de tecnologia é bem diferente do pessoal de outras áreas da empresa. Eles não trabalham as mesmas horas, têm habilidades diferentes, e estudam como a tecnologia pode melhorar a vida das pessoas. São geeks, vêm de startups ou de grandes empresas de tecnologia. Geralmente eles não têm nenhum passado na área de pagamentos, e nós gostamos disso. No laboratório, queremos gente de fora. Ou corremos o risco de cair na inovação incremental.

Quanto tempo leva para produzir um protótipo?

De um ou dois dias, até seis meses. Temos um processo de incubação, em que criamos startups virtuais dentro da Mastercard, e designamos um executivo para liderar o time e levar aquela solução para o mercado. 

Pode dar um exemplo de um desses produtos que saiu do laboratório?

Temos esse aplicativo chamado QkR para smartphones. Ele permite pagamentos à distância. Na Irlanda, ele funciona dentro de um grande estádio. O vendedor cadastra seus itens, e o usuário pode escolher o que vai querer comprar. Uma cerveja, um hamburger... Aí ele informa o seu assento, paga no próprio aplicativo, e a comida será entregue direto na cadeira. Isso mostra a ideia de que tentamos ajudar o usuário a resolver um problema, e não simplesmente realizar um pagamento.

E como você envolve a empresa inteira nesse processo?

É preciso testar as coisas primeiro no laboratório. Há duas culturas diferentes. Precisamos ter rigor no negócio principal. Mas, quando falamos em inovação de ruptura, devemos testar coisas, e criamos protótipos numa velocidade muito grande.

Queremos que a organização toda participe. Temos esse evento que trazemos funcionários do mundo todo, e os trancamos por 48 horas, com o desafio de criar um protótipo, um vídeo e um plano de mercado. Damos prêmios, iPads, etc... Fizemos seis deles até agora, o último foi em Roma. 

Vocês investem em tecnologia de inclusão financeira?

Temos na África do Sul uma solução biométrica. Em apenas cinco minutos, uma pessoa pode ter suas informações registradas e sai com um cartão, em que recebe os benefícios do governo. Entregamos 50 mil desses por dia. Utilizamos uma mala que parece do James Bond, capturamos impressões digitais, face e voz. 

O que você espera para o futuro dos pagamentos digitais?

Trabalhamos com NFC, com tecnologia baseada na nuvem, e o celular é central nisso. Mas também fazemos coisas com computação vestível. Nossa plataforma permite que alguém use o Google Glass do mesmo jeito que um smartphone, por exemplo. Acreditamos que todo aparelho vai ser uma unidade de pagamento, até uma galadeira. Claro que os cartões de plástico não vão sumir nos próximos anos, mas essas outras tecnologias já estão aqui. 

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