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Entenda como a crise impacta a saúde

Entidades públicas e privadas de saúde sofrem com crise econômica. Investir em modernização da infraestrutura e tecnologia fará diferença em retomada

Saúde: investimento em modernização de infraestrutura e tecnologia ajuda setor a sair mais rapidamente da crise atual (iStockphoto)

Saúde: investimento em modernização de infraestrutura e tecnologia ajuda setor a sair mais rapidamente da crise atual (iStockphoto)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2016 às 16h50.

Última atualização em 7 de julho de 2017 às 12h09.

A recessão que o Brasil enfrenta causa um enorme impacto na saúde dos brasileiros. Com o desemprego em alta, cresce o estresse gerado pelas dificuldades enfrentadas para pagar a conta de hospitais privados e planos de saúde.

Levantamento da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostra que 1,3 milhão de brasileiros deixaram de ter planos de assistência médica no último ano, 617 000 só no primeiro trimestre deste ano. O subsegmento mais impactado é o de planos coletivos empresariais, devido ao fechamento de vagas de emprego.

Foram fechados quase 2 milhões de postos de trabalho no último ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência Social. Muitos se veem em uma situação econômica difícil e cortar o plano de saúde acaba sendo uma opção para reduzir as despesas mensais. A saída então é recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS).

“A realidade é igualmente ruim para a saúde suplementar e para o setor público. De um lado, há uma perda expressiva do número de beneficiários. De outro, o SUS fica ainda mais sobrecarregado e incapaz de atender à demanda da população”, afirma Francisco Balestrin, presidente do Conselho Administrativo da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP). Esse cenário impacta o acesso e a qualidade do atendimento.

O Brasil tornou-se o país das Américas que menos investe no sistema de saúde, mostra levantamento feito neste ano pela ONG Contas Abertas, a pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM). “Há alguns anos, o governo federal tem uma posição de muita restrição ao gasto em saúde”, diz Geraldo Biasoto Junior, professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Os governos federal, estadual e municipal gastam por dia 3,89 reais por habitante para cobrir as despesas públicas com saúde de mais de 204 milhões de brasileiros. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse valor está 70% abaixo da média registrada nas Américas. “O valor gasto por pessoa tem caído duplamente, porque agora há mais pessoas para dividir o orçamento”, afirma Biasoto.

A expectativa da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) é que o setor recupere as perdas até o fim de 2016. “A retomada da confiança na política e na economia brasileira é unânime entre os setores da economia. Somente dessa forma reverteremos a queda vivida pelo país nos últimos anos”, afirma Balestrin, da ANAHP.

Como escapar da crise com mais eficiência?
É consenso entre os especialistas que as empresas não devem parar de investir, apesar do momento difícil. Segundo Biasoto, da Unicamp, para que os prestadores de serviço possam sair da recessão mais rapidamente, é preciso modernizar a estrutura de atendimento, principalmente na gestão de custos e de recursos humanos. “Quando vivemos um momento econômico como o atual, as empresas buscam rever seus processos e infraestrutura em busca de maior eficiência. A tecnologia pode ser uma aliada importante, seja com o intuito de otimizar os processos, seja para reduzir eventuais custos”, afirma Balestrin.

O investimento em tecnologia resulta no aperfeiçoamento do controle e da qualidade das informações. Solange Palheiro Mendes, presidente da FenaSaúde, afirma que nesse cenário de instabilidade é importante focar ainda mais na gestão equilibrada dos recursos e sobretudo na avaliação criteriosa dos riscos. “É justamente em momentos de incerteza econômica que as empresas são mais testadas e exigidas pelos consumidores”, diz Solange.

Sistemas de gestão de dados podem otimizar processos e reduzir custos no médio e longo prazo. “Essa é uma iniciativa importante na busca por mais eficiência e resultados que, consequentemente, melhoram o uso dos recursos”, afirma Solange. Softwares são capazes de reduzir os erros em testes de laboratório e ainda oferecer o resultado com mais rapidez. Além disso, é possível investir em big data e modelos preditivos. “A base de dados permite um olhar muito mais adequado sobre a saúde dos beneficiários. As operadoras devem se preparar para esse novo cenário”, diz a especialista.

Investir em diagnóstico também é essencial. A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), por exemplo, comprou, em 2015, uma série de equipamentos para compor um inovador laboratório de autópsias, com 400 metros quadrados, onde bisturis foram substituídos por máquinas que realizam exames de imagem.

Entre as aquisições do laboratório está um equipamento de ressonância magnética de 7 tesla que custou 7,6 milhões de dólares e é o primeiro da América Latina capaz de analisar o corpo inteiro. O estudo dos mortos ajuda os vivos ao permitir avanços significativos em diagnóstico e na compreensão de doenças neurológicas e degenerativas, como Alzheimer e Parkinson, entre outras que atingem órgãos difíceis de estudar, uma vez que a retirada de tecidos é uma operação arriscada para o paciente.

“Para evitar que o paciente chegue ao ponto de ser internado, uma série de mudanças precisa acontecer no nosso modelo de assistência. Devemos investir mais na prevenção. Hoje, infelizmente, nosso modelo de atenção é focado na doença”, diz Balestrin, da ANAHP. Resta ao Brasil, entre outros esforços, melhorar a estrutura de diagnóstico, um caminho que o mundo inteiro já vem trilhando há algum tempo.

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