A inclusão digital está deixando de ser uma preocupação exclusiva do terceiro setor. Cada vez mais, as empresas entendem como importante difundir os conhecimentos de informática entre os funcionários e a comunidade. "A exclusão digital está dentro das próprias fábricas", afirma Rodrigo Baggio, fundador e diretor-executivo do Comitê para Democratização da Informática (CDI). Para muitas companhias, portanto, é estratégico apoiar programas de treinamento, como os cursos oferecidos pelo Comitê. Basf, Philips, Siemens, Organizações Globo e Unysis são algumas das companhias que mantêm escolas do CDI em suas fábricas, atendendo aos empregados e também à comunidade.

O CDI, uma organização não-governamental, foi fundado há dez anos para reduzir a distância entre a população carente e os computadores. Hoje, conta com 962 escolas em 20 estados brasileiros, além de outros dez países. Cerca de 1 900 educadores já capacitaram mais de 600 000 alunos carentes em cursos de informática desde que o CDI foi criado.

Benefícios

Além de preparar o empregado para rotinas e tarefas informatizadas, o investimento em um programa de inclusão digital melhora a imagem junto aos funcionários, fornecedores e a comunidade, de acordo com Baggio. "Esse tipo de ação social favorece a empresa e toda a comunidade", diz. A empresa consegue estimular o empregado no trabalho, aumentando, inclusive, o comprometimento com os resultados da empresa. "O funcionário fica mais motivado, porque sente que a empresa não busca apenas um ganho financeiro, mas também um ganho humano' afirma.

Diversas pesquisas mostram que melhorar o ambiente de trabalho e investir nos funcionários aumentam os lucros. Enquanto a rentabilidade das 500 maiores empresas do país, de acordo com o ranking das Melhores e Maiores de EXAME, é de 12,4%, nas dez melhores empresas para trabalhar, a taxa sobe para 20,7%. No exterior, o principal indicador é o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI), que mede o desempenho das empresas socialmente responsáveis. O DJSI registra um desempenho sistematicamente melhor do que a média das empresas listadas no Dow Jones.

De acordo com Baggio, embora o Brasil tenha avançado muito na inclusão digital, o fosso que distancia a nação dos países desenvolvidos ainda é grande. Nos Estados Unidos, 57% da população tem acesso à internet em seus domicílios. No Brasil, apenas 11%. "Ainda há uma legião de excluídos digitais muito grande", afirma. Para as empresas, isso pode significar uma oportunidade de investir na melhoria de sua imagem.